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Morre Afonso Dhlakama, histórico líder de partido opositor de Moçambique

03/05/2018 16h06

(Acrescenta informação sobre Dhlakama).

Maputo, 3 mai (EFE).- O histórico líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido opositor do país, Afonso Dhlakama, morreu nesta quinta-feira aos 65 anos, segundo confirmaram à Agência Efe fontes dessa legenda.

Quatro fontes da Renamo confirmaram à Efe a morte de Dhlakama, mas não deram detalhes da causa.

A emissora de televisão "TIM" informou que o dirigente opositor morreu na floresta de Gorongosa, onde se refugiava desde 2012, enquanto esperava um helicóptero para levá-lo a Pretória para receber tratamento médico urgente.

Dhlakama era desde 1984 o chefe político da Renamo, movimento criado pela antiga Rodésia (hoje Zimbabué) e a África do Sul para lutar contra a extensão do comunismo na região, e portanto contra o partido governante, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).

O líder opositor perdeu eleições de maneira sucessiva, as últimas em 2014 contra o atual presidente o país e candidato da Frelimo, Filipe Nyussi.

Sua assinatura aparecia nos Acordos de Paz de Roma (1992), assinados com o então presidente e líder da Frelimo, Joachim Chissano, e que punham fim a uma guerra civil de 16 anos, começada após a independência do país de Portugal, que deixou um milhão de mortos.

Apesar do acordo de 1992, a Renamo continuou fazendo esporádicos ataques em diferentes zonas de Moçambique até a assinatura definitiva da paz, em 5 de setembro de 2014, a 40 dias das últimas eleições.

Após várias rodadas de negociações, nesse dia o então presidente moçambicano e chefe de Frelimo, Armando Guebuza, e Afonso Dhlakama assinaram um acordo de paz que punha fim a dois anos de conflito no país.

Durante a assinatura da paz em Maputo, o líder opositor expressou seu desejo de mudar radicalmente o panorama político das "últimas duas décadas" no país, nas quais, segundo sua opinião, houve uma "sistemática concentração do poder em um punhado de privilegiados".

Dhlakama, nascido em 1953 em Mangunde, na província central de Sofala, onde a Renamo tem uma das suas fortificações tradicionais, se tornou líder do grupo após a morte em combate em 1979 do primeiro chefe do movimento, André Matsangaissa, e, como político, manteve o partido governamental em xeque durante mais de duas décadas.

Sob a sua liderança, a Renamo chegou a ser acusada pela comunidade internacional de cometer crimes contra a humanidade, como massacres de civis e recrutamento de crianças-soldado.