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Ortega chama bispos da Conferência Episcopal da Nicarágua de "golpistas"

20/07/2018 00h12

Manágua, 19 jul (EFE).- O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, chamou nesta quinta-feira de "golpistas" os bispos da Conferência Episcopal e disse que eles são cúmplices de forças internas e externas para tentar derrubá-lo.

Durante um discurso diante de milhares de sandinistas em uma praça de Manágua, o líder denunciou que muitos templos foram ocupados como quartéis para armazenar munições no meio da crise sociopolítica que atravessa o país desde abril.

A Conferência Episcopal, mediadora e testemunha do diálogo nacional, propôs a Ortega antecipar as eleições gerais para o dia 31 de março de 2019, mas que ele não tente a reeleição, para superar a crise.

Ortega revelou que quando os bispos fizeram essa proposta, no início do mês passado, ficou "surpreso" e quando recebeu o documento, que além de antecipar as eleições a reestruturação do Estado, disse: "Eles estão comprometidos com os golpistas".

"Eles faziam parte do plano com os golpistas", continuou o líder, falando para milhares de nicaraguenses concentrados na Praça da Fé, ao norte de Manágua, em comemoração do 39º aniversário da revolução sandinista.

"Dói muito dizer isso, pois tenho apreço aos bispos, eu os respeito, sou católico", completou.

Segundo ele, dentro do Episcopado há bispos com posições de maior confronto e outros mais moderados, "mas infelizmente a linha de confronto é sempre imposta, não de mediação".

Ortega chamou a proposta dos bispos, de antecipar as eleições e reestruturar o Estado, como um "golpe de Estado", salientando que esta não é a posição de um mediador, mas de uma instituição que está "tomando partido" da crise.

"Fiquei espantado, doeu em mim saber que os bispos tiveram essa atitude de golpistas", insistiu Ortega.

Na opinião do presidente, os bispos foram "desqualificados como mediadores e testemunhas", pois suas propostas de antecipar as eleições, enviaram uma mensagem "clara" que estão a favor do "golpe" de Estado.

A Nicarágua atravessa a crise sociopolítica mais sangrenta desde a década de 1980, com Ortega também como presidente.