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Piñera enfrenta estudantes durante ato oficial em universidade

23/08/2018 16h00

Santiago do Chile, 23 ago (EFE).- O presidente do Chile, Sebastián Piñera, enfrentou nesta quinta-feira dirigentes estudantis que o encararam durante o ato de posse do reitor da Universidade do Chile, Ennio Vivaldi, reeleito recentemente por um novo período de quatro anos.

Piñera assistiu ao ato como patrono da principal universidade do país e foi interrompido quando dava um discurso por uma dirigente da Federação de Estudantes (FECH) dessa instituição de estudos que, com um nariz de palhaço na mão, disse que seu governo era uma piada.

Javiera López, secretária-geral da FECH, reprovou o Estatuto Laboral Juvenil sugerido por Piñera, recentemente promulgado e que foi criticado pelos estudantes, que o denominaram de "lei McDonald's"

A norma procura regular, com contratos de trabalho e outras medidas, os empregos que jovens e estudantes realizam em jornadas parciais para financiar seus estudos, mas os críticos apontam que na realidade são uma forma de colocar mão de obra barata à disposição das empresas, especialmente do comércio.

Várias vezes o presidente chileno tratou de convencer os jovem. "Sabia que tínhamos uma surpresa... muito obrigado, as escutamos com atenção", disse Piñera, que finalmente perdeu a paciência e se retirou, dizendo: "Para palavras tolas, ouvidos surdos".

A FECH disse depois que o propósito original era falar com o líder, mas foi preciso atuar perante uma má recepção de parte da reitoria.

O reitor Vivaldi, entanto, lamentou o constrangimento do presidente, mas lembrou que situações similares também foram vividas pela ex-presidente Michelle Bachelet e que o risco é igual para qualquer autoridade que chegue "a uma universidade em que há um costume de livre expressão como esta".

"É um tema histórico", acrescentou, ao advertir que em todo caso "não é uma forma aplaudível" se dirigir assim à máxima autoridade do país, pois "há meios pelos quais a universidade e os jovens podem se expressar".

"Há um respeito pela institucionalidade, há um presidente eleito que é o patrono da universidade, ele assiste a este ato e se nós o estamos convidando, é injustificável que haja manifestações se ele aceitou esse convite", acrescentou.

Karla Toro, presidenta da FECH, disse que a ideia era "perguntar ao presidente e à ministra de Educação (Marcela Cubillos) se vão a seguir precarizando as nossas vidas às custas de más condições trabalhistas e maiores endividamento".

"Quando nós chegamos, não foi permitido que entrássemos, pedimos as ajudas correspondentes e também não foi permitido. Não nos restou outra forma a não ser nos manifestar no salão de honra. Nós não queríamos fazer isto, queríamos conversar com o presidente diretamente", concluiu.