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Haddad aposta em integração mais radical do Mercosul

13/09/2018 20h41

Alba Santandreu.

São Paulo, 13 set (EFE).- Substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do PT nas eleições de outubro, Fernando Haddad irá propor uma integração mais radical do Mercosul se vencer o pleito.

O ex-prefeito de São Paulo avaliou nesta quinta-feira que a crise atravessada por Brasil e Argentina, dois dos membros do Mercosul ao lado de Uruguai e Paraguai, representa uma oportunidade para implementar uma política de integração mais forte no bloco.

"Essas crises são uma grande oportunidade para o Mercosul. Quando há pouco a perder, tomamos decisões mais ousadas", ressaltou Haddad em entrevista concedida a correspondentes estrangeiros em São Paulo, dois dias depois de assumir oficialmente a candidatura.

Da prisão, Lula escolheu Haddad como o candidato à presidência do PT após ser vetado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de disputar as eleições do próximo dia 7 de outubro.

Haddad afirmou que a situação de Lula representa um trauma, mas disse estar confiante de que conseguirá capitalizar o apoio do ex-presidente, que liderava as pesquisas com cerca de 30% dos votos.

O ex-ministro, porém, afirmou não estar preocupado com a possível transferência de votos para outros candidatos da esquerda, como Ciro Gomes (PDT), e ressaltou que confia no programa do PT para conquistar os eleitores.

Ciro já reagiu à entrada de Haddad na disputa e elevou o tom das críticas ao adversário, afirmando que falta garra ao escolhido de Lula para enfrentar o momento difícil atravessado pelo país.

"Haddad é uma excelente pessoa, uma pessoa de bem, tenho por ele um grande afeto, grande estima e grande respeito, mas ele não conhece o Brasil, não tem a experiência, não tem a garra necessária neste momento difícil", afirmou Ciro.

Segundo colocado nas duas últimas pesquisas realizadas por Ibope e Datafolha, ainda que empatado tecnicamente com Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSBD) e o próprio Haddad, Ciro afirmou que falta brio ao petista para assumir o Brasil em um momento em que o país é ameaçado por um "fenômeno protofascista", em referência ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), líder em intenção de votos.

Bolsonaro está hospitalizado desde a semana passada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após ser esfaqueado em um ato de campanha na cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Apesar de ter lugar praticamente garantido no segundo turno, Bolsonaro perderia contra a maioria de seus possíveis adversários nos cenários testados pelas pesquisas. Haddad, ainda sem ter a candidatura oficializada, era o único batido pelo deputado federal.

Haddad atribuiu a ascensão da extrema-direita em diversos países do mundo, inclusive no Brasil, ao "fracasso do projeto neoliberal".

Dois dias depois de assumir a candidatura, o também ex-ministro de Educação detalhou alguns pontos de seu plano de governo e apostou na retomada do diálogo para estabelecer um "ambiente institucional sóbrio". Na economia, Haddad indicou as reformas tributária e bancária como prioridades. Já na política externa, o petista disse que reforçará acordos bilaterais e multilaterais.