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Irã convoca diplomata dos EAU após atentato em desfile militar

23/09/2018 09h36

ITeerã, 23 set (EFE).- O Ministério das Relações Exteriores do Irã convocou neste domingo o encarregado de negócios dos Emirados Árabes Unidos (EAU) em protesto pelos comentários de um assessor político do país, que negou que o atentado cometido ontem na cidade de Ahvaz tenha sido um ato terrorista.

O porta-voz das Relações Exteriores, Bahram Qasemi, disse em comunicado que a decisão de convocar o diplomata foi motivada pelas "declarações irresponsáveis e depreciativas de tal assessor" sobre o atentado, que causou a morte de 25 militares e civis no sábado.

As autoridades iranianas advertiram ao diplomata que "um apoio claro aos atos terroristas por parte de pessoas pertencentes aos centros oficiais do país é responsabilidade do Governo", segundo o porta-voz.

Qasemi acrescentou que é "inaceitável" que o Governo se mostre indiferente diante destas declarações.

O professor de ciências políticas e colunista dos Emirados Árabes Unidos Abduljaleq Abdulah, considerado assessor do Governo, escreveu ontem no Twitter que "um ataque militar contra um alvo militar não é um ato terrorista".

"A opção da luta no interior do Irã foi anunciada e na próxima etapa aumentará", acrescentou Abdulah.

O Governo iraniano acusou certos países do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (EAU), de respaldar o movimento separatista árabe Alahvazie, que foi responsabilizado pelo atentado, para criar insegurança no Irã.

O presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou hoje que para o país está "completamente clara" a identidade dos autores do atentado de sábado e de seus patrocinadores.

O Líder Supremo do Irã, Ali Khamenei, denunciou ontem que o massacre de Ahvaz é "uma continuação das conspirações dos regimes respaldados pelos EUA na região", em alusão à Arábia Saudita e a outros países do Golfo Pérsico.

O Ministério das Relações Exteriores iraniano também convocou ontem os embaixadores de Holanda e Dinamarca, e o encarregado de negócios do Reino Unido.

Holanda e Dinamarca foram recriminadas pela presença em seus territórios de alguns membros do grupo separatista Alahvazie, aos quais o Irã pediu a extradição dos mesmos.

Quanto ao Reino Unido, o Irã considerou inaceitável que o porta-voz do Alahvazie tenha assumido a autoria do ataque através de uma rede de televisão com sede em Londres.

O atentado foi cometido por quatro extremistas, que abriram fogo com fuzis Kalashnikov contra militares e o público e que foram mortos pelas forças de segurança.