Pompeo pede união a parceiros do golfo Pérsico contra o Irã e outros desafios
Luisa Urrego.
Doha, 13 jan (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, assinou neste domingo vários acordos no Catar, onde pediu uma solução para a crise diplomática entre Doha e o denominado quarteto árabe, formado por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein e Egito.
Pompeo se reuniu com o ministro das Relações Exteriores catariano, Mohammed bin Abdulrahman Al Zani, em Doha, em um dos atos de sua viagem pelo Oriente Médio, onde visitou Jordânia, Iraque, Egito, Bahrein e EAU desde a última terça-feira.
Em entrevista coletiva conjunta, posterior ao encontro com Al Zani, Pompeo declarou que tanto ele como o presidente dos EUA, Donald Trump, acreditam que o conflito com o Catar "se prolongou por tempo demais".
O quarteto árabe rompeu relações diplomáticas com Doha em junho de 2017 e seus vizinhos Arábia Saudita, EAU e Bahrein impuseram um bloqueio comercial, marítimo e terrestre sobre o Catar.
Pompeo considerou que o conflito afeta o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), integrado por Arábia Saudita, EAU, Bahrein, Kuwait, Omã e Catar, cuja união é "fundamental" para manter a estabilidade na região.
"Somos mais fortes quando trabalhamos juntos, quando as disputas são poucas e quando há um objetivo em comum. As disputas entre países com um objetivo em comum nunca ajudam e nunca permitem ter uma resposta forte", destacou.
No entanto, o secretário de Estado se mostrou otimista quanto a uma rápida solução do conflito: "Veremos que a união do CCG crescerá nos próximos dias, semanas e meses", disse, sem dar mais detalhes.
Pompeo também se referiu à inesperada renúncia de Anthony Zinni, general reformado encarregado por Trump de mediar na disputa com o Catar, anunciada poucos dias antes de o chefe da diplomacia americana visitar Doha.
Segundo Pompeo, o enviado "tomou essa decisão, mas o compromisso dos EUA é o mesmo" e seu governo continuará pelo caminho do diálogo para dar fim à crise diplomática.
Washington tentou mediar na disputa entre os seus parceiros do golfo Pérsico, com os quais deseja formar uma frente comum diante do Irã, sem obter resultados até o momento, da mesma forma que fracassaram outras tentativas de mediação, como as do Kuwait.
O ministro das Relações Exteriores de Catar enalteceu "as boas relações históricas" com os EUA e "a forte relação e a colaboração" entre ambos os países, que assinaram dois acordos em Educação e Cultura, e um memorando de entendimento em Defesa, que "tornarão a relação mais robusta", nas palavras de Pompeo.
O memorando é para expandir a base militar Al Udeid, que é a maior do Exército americano no Oriente Médio, na qual há cerca de 13 mil militares e onde fica a sede o Comando Central dos EUA, que coordena as operações militares em toda a região.
Segundo Pompeo, essa base é "fundamental para a segurança dos EUA" e "para promover a segurança" no Oriente Médio.
"Nossa relação estratégica se estende por muitos âmbitos e continua crescendo. Defesa e segurança, contraterrorismo, comércio, investimentos, energia, educação e cultura estão na agenda", enumerou Pompeo após a assinatura dos acordos.
Nos últimos dez anos, o volume de comércio entre Doha e Washington aumentou mais que o dobro e chegou aos US$ 6 bilhões no período entre janeiro e outubro de 2018, o que representa 6,23% do total das trocas comerciais do Catar, segundo números oficiais.
Pompeo chegou hoje a Doha, na sexta escala da sua viagem por nove países, cujo objetivo é principalmente tranquilizar seus parceiros árabes em relação à retirada das tropas americanas da Síria, anunciada de surpresa em meados de dezembro.
O chefe da diplomacia americana, que também procura apoio na nova ofensiva de Trump contra o Irã, afirmou hoje que vai reunir na conferência ministerial que será realizada na Polônia em fevereiro uma "enorme coalizão" de países de todo o mundo para pressionar Teerã e fomentar "a estabilidade e a paz no Oriente Médio". EFE
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