Bahrein confirma prisão perpétua para líder opositor por espionagem
Manama, 28 jan (EFE).- O Tribunal de Cassação do Bahrein confirmou nesta segunda-feira a pena de prisão perpétua para o principal líder da oposição do país, o xeque Ali Salman, por espionar para o Catar após revogar o último recurso, informou o Ministério Público bareinita.
Além da condenação de Salman, líder do partido Al Wefaq, que foi colocado na ilegalidade, o tribunal ratificou a prisão perpétua para outros dois líderes opositores, Hassan Ali Juma Sultan e Ali Mahdi Ali al Aswad, informou a instituição em comunicado.
A sentença definitiva chega depois que o Tribunal de Apelações revogou em novembro de 2018 uma absolvição que tinha sido ditada em junho por outro tribunal.
Os três opositores foram considerados culpados de "manter contatos com os serviços de inteligência" do Catar desde 2010 para realizar ações contra o governo do Bahrein e prejudicar seus interesses políticos, nacionais e econômicos.
Também foram condenados por "entregar informação sensível ao governo do Catar", além de "receber dinheiro" de Doha por "seus serviços" e divulgar rumores através da emissora catariana "Al Jazeera" para "provocar o caos e a derrocada do sistema constitucional" no reino, segundo o Ministério Público do Bahrein.
As acusações de espionagem foram formuladas no meio da crise diplomática ocorrida em junho de 2017 entre vários países árabes, um deles o Bahrein, e o Catar.
O partido Al Wefaq indicou em comunicado que a decisão judicial "deixa o regime sem legitimidade durante os próximos 25 anos", período de encarceramento máximo no país, inclusive para casos de prisão perpétua.
Após conhecer a decisão, a ONG Instituto para os Direitos Humanos e a Democracia do Bahrein (Bird, na sigla em inglês), com sede em Londres, qualificou o veredito como "o fim de um julgamento longo e viciado".
"Isto é uma vingança política e um insulto à justiça. Punir dissidentes pacíficos por liderarem protestos contra a família governante corrupta não tem nada a ver com justiça", opinou o diretor de Bird, Sayed Ahmed Alwadaei, em comunicado.
Salman já tinha sido sentenciado a quatro anos de prisão em 2015 por "insultar o Ministério do Interior, incitar o ódio e a desobediência", e sua condenação foi ampliada para nove anos em 2016 por "tentar derrubar o governo".
Bahrein reprimiu todas as vozes críticas desde a explosão dos protestos em 2011, que foram liderados pela maioria xiita do país, que se sente discriminada pela monarquia sunita. EFE
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