Dodge cria força-tarefa e afirma que executivos da Vale podem ser culpados
São Paulo, 28 jan (EFE).- A procuradora-geral do Brasil, Raquel Dodge, disse nesta segunda-feira que o Ministério Público Federal formou uma equipe de força-tarefa que investigará os danos ambientais e as responsabilidades penal, cível e administrativa pelo rompimento de uma barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG).
Segundo Dodge, os executivos da Vale podem ser responsabilizados pela tragédia que, segundo o último boletim das autoridades, deixou 60 mortos e 292 desaparecidos.
Em conversa com a imprensa após comparecer a um seminário na cidade de São Paulo, a procuradora-geral afirmou que a prioridade é definir quem será o responsável pela indenização das famílias das vítimas.
"Em primeiro lugar, devemos tratar da responsabilidade no tocante à indenização das famílias. As famílias estão muito preocupadas com os entes queridos. É preciso localizá-los, dar certeza sobre o paradeiro de cada um, mas é preciso também que tenham algum tipo de socorro. Muitos perderam o modo de trabalho, o modo de financiamento de suas vidas", explicou.
Na tarde de sexta-feira, uma das barragens da Vale, situada em uma mina de ferro no município de Brumadinho, se rompeu e um rio com rejeitos de minério e lama soterrou as instalações da empresa e diversas casas da região.
O incidente ocorreu três anos após o rompimento de barragens da mineradora Samarco, a maior catástrofe ambiental do Brasil, que matou 19 pessoas devido ao vazamento de rejeitos.
"Há uma cadeia de responsabilidades a ser esclarecida e bem definida para que todos os envolvidos neste caso sejam efetivamente responsabilizados", declarou Dodge.
A procuradora-geral explicou que pela tragédia é preciso ter uma responsabilidade séria do ponto de vista indenizatório da empresa e "promover a perseguição penal de pessoas e indivíduos, que necessitam ser responsabilizados por esta falha".
Dodge disse que esse tema será tratado na terça-feira em reunião que com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, um encontro no qual também serão definidas prioridades do Ministério Público e do Poder Judiciário sobre a tragédia.
Além disso, Raquel Dodge ressaltou a importância de se realizar uma verificação da segurança das 700 barragens que há na região, comprovar se a avaliação que feita até então corresponde à realidade e se o protocolo que vem sendo trabalhado é o adequado.
A Vale recebeu duas multas pelo desastre em Brumadinho: uma do Ibama, de R$ 250 milhões, e outra do governo de Minas Gerais, de R$ 99 milhões.
Desde a sexta-feira, a justiça bloqueou R$ 11 bilhões das contas da empresa para ressarcir as famílias das vítimas, garantir recursos e atenuar os danos ambientais. EFE
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