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Advogado de García lamenta exclusão de depoimento de delator da Odebrecht

24/04/2019 15h22

Curitiba (PR), 24 abr (EFE).- O advogado do ex-presidente peruano Alan García, Erasmo Reyna, criticou nesta quarta-feira sua exclusão do segundo depoimento prestado por Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru, sobre as propinas pagas pela empresa no país.

García, que governou o Peru por dois mandatos (1985-1990 e 2006-2011), se suicidou há uma semana, pouco antes de ser preso pela Polícia Nacional a pedido do Ministério Público, acusado de envolvimento com o escândalo de corrupção da Odebrecht no país.

Cinco promotores que investigam a Lava Jato no Peru estão no Brasil desde domingo para ouvir Barata, um dos executivos da construtora que firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República em 2016. Ainda sem condenação no país, o ex-diretor da Odebrecht no Peru não está preso.

"Infelizmente disseram que não era possível participar da diligência apesar de terem nos reiterado que, pelos fatos que são matéria de investigação, vão formular perguntas sobre o ex-presidente (García)", disse Reyna a jornalistas em Curitiba.

Reyna disse que tentou entregar aos promotores uma lista de perguntas sobre a participação de García nas denúncias feitas por Barata, mas eles não quiseram aceitar a colaboração do advogado.

Apesar das críticas, o advogado disse confiar que, após o depoimento desta quarta-feira, toda a verdade sobre García será conhecida e que ele estará livre da "infâmia que o persegue".

"Tomara que as perguntas sejam concretas, claras. (...) Não esperamos que isso se prolongue mais, que seja uma história sem fim. As respostas têm que ser conhecidas hoje", declarou Reyna.

O advogado estava credenciado como defensor de García, mas não participou do depoimento porque seu cliente foi excluído do caso depois do suicídio na última quarta-feira.

Barata deve falar aos promotores hoje sobre os decretos sancionados por García sobre as obras do metrô de Lima, medidas que teriam beneficiado a Odebrecht em troca de propinas.

"Jamais Alan García esteve envolvido em qualquer atividade ilícita, como é a matéria dessas investigações", ressaltou.

Os promotores peruanos também querem ouvir José Aldemário Pinheiro Neto, o Léo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS. No entanto, a delação premiada do empresário ainda depende de um aval do Supremo Tribunal Federal (STF).

Pinheiro está preso em Curitiba e, segundo o promotor Germán Juárez, um dos que integram a equipe da Lava Jato no Peru, existe uma cláusula que impede o depoimento antes de a colaboração ser homologada pela Justiça brasileira.

Em fevereiro, o Ministério Público do Peru assinou um acordo de colaboração com a Odebrecht. A empresa se comprometeu a entregar documentos às autoridades do país e a pagar multa de cerca de US$ 185 milhões pelas propinas distribuídas a funcionários do governo.

A Odebrecht também admitiu ter financiado campanhas eleitorais de várias figuras políticas do país entre 2005 e 2014. São investigados por envolvimento com a empresa os ex-presidentes Alejandro Toledo, Ollanta Hulama e Pedro Pablo Kuczysnki, que está em internado em um hospital com problemas cardíacos após a Justiça determinar que ele permaneça preso preventivamente por 36 meses. EFE