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Vazamento de documentos revela pagamentos da Odebrecht por oleoduto no Peru

26/06/2019 06h46

Lima, 26 jun (EFE).- Um novo vazamento de documentos da construtora Odebrecht revelou o suposto pagamento irregular de US$ 3 milhões relacionados à adjudicação da construção do Gasoduto Sul peruano durante o governo do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016).

A informação foi divulgada na terça-feira pelo portal de investigação jornalística peruano "Convoca", sob a coordenação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês).

Ele indicou que nos arquivos da Divisão de Operações Estruturadas da empresa brasileira "há 17 pagamentos relacionados à concessão de US$ 1 milhão a um único licitante" durante o regime de Humala.

O site lembrou que a Odebrecht, que no mês de fevereiro assinou um acordo de colaboração com a Procuradoria do Peru, "até o momento não reconhece atos de corrupção em relação ao Gasoduto do Sul".

Essa concessão foi adjudicada por mais de US$ 7 bilhões em junho de 2014, em uma licitação que originou investigações fiscais para a suposta comissão de crimes de conluio e negociação incompatível em que a esposa de Humala, Nadine Heredia, foi implicada.

No acordo de colaboração com o Ministério Público, aprovado na semana passada pela Justiça do Peru, a Odebrecht só admite ter pago propina no país para assumir as obras de construção da rodovia Interoceânica Sul, o Metrô de Lima, Costa Verde del Callao e a rota de evitação de Cusco.

A investigação jornalística indicou, no entanto, que na plataforma secreta de comunicações Drousys, usada pela construtora, "aparecem pagamentos referidos a 'Gasoduto Sul Peruano'(denominação da obra em português), cujos destinatários finais estão ocultos sob pseudônimos".

"São cerca de 17 transferências de dinheiro associado ao Gasoduto do Sul, realizadas entre 19 de setembro e 12 de novembro de 2014, ou seja pouco mais de três meses depois da concessão à Odebrecht", revelou.

Nos supostos pagamentos irregulares relacionados ao oleoduto incluem dez pessoas, identificadas apenas por apelidos, como destinatários dos pagamentos em dinheiro, com valores que variam de US$ 20 mil a US$ 700 mil.

Sete empresas intermediárias também aparecem como "beneficiárias" usadas para canalizar mais de US$ 3 milhões, alguns delas criadas nas Ilhas Virgens Britânicas, Hong Kong, Belize e Panamá.

O advogado Wilfredo Pedraza, que defende Humala e Nadine Heredia, disse que não há evidência "direta nem indireta" que envolva a ex-primeira-dama ao caso do Gasoduto do Sul. EFE