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Cartunista é demitido após publicar desenho de Trump com imigrantes afogados

Desenho do cartunista canadense Michael Adder - Reprodução/Twitter/@deAdder
Desenho do cartunista canadense Michael Adder Imagem: Reprodução/Twitter/@deAdder

Em Washington

02/07/2019 09h34

O cartunista canadense Michael de Adder foi despedido da empresa em que trabalhava, responsável pela publicação de quatro jornais, depois que um desenho seu do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, jogando golfe ao lado dos corpos dos dois imigrantes afogados na fronteira causou grande repercussão nas redes sociais.

O salvadorenho Óscar Alberto Martínez, de 25 anos, e sua filha Angie Valeria, de um ano e 11 meses, morreram afogados na semana passada quando tentavam atravessar o rio Grande, e a foto de seus corpos junto à margem comoveu o mundo.

Em sua charge, De Adder, que durante 17 anos teve um contrato com a empresa Brunswick News Inc. (BNI), do Canadá, desenhou Trump de pé segurando um taco de golfe e olhando para os corpos dos afogados.

"Vocês se importam se eu jogar?", diz a caricatura do presidente americano.

O desenho teve rapidamente uma grande repercussão nas redes sociais e poucas horas depois De Adder informou em mensagem no Twitter que tinha perdido seu contrato com todos os jornais da BNI.

"Nas últimas duas semanas fiz três caricaturas de Trump", disse o cartunista. "Duas se tornaram 'virais' e a terceira 'estourou', e um dia depois me demitiram", acrescentou.

"E não só finalizaram o meu contrato, mas também não usaram as caricaturas que já tinham em mãos. Da noite para o dia, foi como se eu nunca tivesse trabalhado para o jornal. Tirem suas próprias conclusões", escreveu o desenhista.

Após a demissão de De Adder, o "Telegraph-Journal" e sua edição em Saint John; o "Times & Transcript", e o "Daily Gleaner", que são os jornais da BNI, já não publicarão mais seus desenhos.

Por sua vez, a empresa afirmou que "é totalmente incorreto sugerir" que o contrato de De Adder foi cancelado devido à mencionada caricatura de Trump.

"Essa é uma versão falsa que surgiu de forma irresponsável nas redes sociais", alegou a BNI, que acrescentou que a demissão do cartunista se deve ao retorno de outro chargista à companhia.

O presidente da Associação Canadense de Caricaturistas, Wes Tyrell, disse em sua página no Facebook que a BNI deu por encerrado o contrato com De Adder porque Trump é um "tema tabu" para a companhia e seu proprietário, o multimilionário James Irving.