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Manifestantes marcham rumo à residência presidencial do Haiti em protesto

27/09/2019 17h57

Porto Príncipe, 27 set (EFE).- Milhares de manifestantes, armados com facões, pedras e paus, participam nesta sexta-feira de uma marcha que tem como destino final a residência do presidente do Haiti, Jovenel Moise, em Porto Príncipe, capital do país.

Os manifestantes, que vieram de vários distritos da capital haitiana, se reuniram perto do aeroporto da cidade e tomaram a estrada de Delmas, para logo seguir em direção ao setor de Pétion-Ville, nos arredores de Porto Príncipe e onde está localizada a residência oficial de Moise.

No caminho, alguns manifestantes jogaram pedras contra edifícios e tentaram saquear várias lojas, empresas e casas.

A polícia do Haiti utilizou gás lacrimogêneo para tentar dispersar o protesto durante sua passagem pelo bairro de Delmas, pouco antes de Pétion-Ville, e montou um grande esquema de segurança para tentar bloquear o caminho que conduz à residência presidencial.

Durante a manifestação, uma pessoa não identificada acertou uma pedrada em um fotógrafo da Agência Efe, que ficou ferido no braço.

Em vários pontos de Porto Príncipe e de algumas cidades vizinhas foram registrados distúrbios, incêndios propositais e saques.

Na cidade de Citei Soleil, limítrofe com Porto Príncipe, um grupo de manifestantes ateou fogo à uma delegacia de polícia, segundo mostraram imagens da televisão local.

O protesto desta sexta-feira, o maior registrado no Haiti no último ano, foi convocado por grupos opositores ao governo para pedir a renúncia de Moise, apenas dois dias depois da tentativa do líder de apaziguar a população com um discurso à nação.

Em discurso, Moise pediu uma trégua nos protestos, que têm se repetido diariamente nas últimas duas semanas, e ofereceu formar um governo de união nacional.

A situação no Haiti se agravou nas últimas semanas devido à falta de abastecimento de combustível, que se prolonga desde a metade de agosto.

O descontentamento da população também se deve à inflação galopante, que encareceu os preços de produtos básicos, à crescente insegurança no país, à corrupção e à paralisia política que vive há seis meses.

O Haiti não tem um governo efetivo desde março e, nas últimas semanas, a oposição impediu de diferentes maneiras, inclusive através da violência, a realização das sessões previstas no Parlamento, nas que deveria ser submetida à votação a nomeação do atual primeiro-ministro, Fritz William Michel, designado ao cargo pelo presidente haitiano em julho. EFE