Governo espanhol e separatistas catalães voltam a entrar em rota de colisão
Madri, 1 out (EFE).- O governo da Espanha e os partidos favoráveis à independência da região da Catalunha voltaram a entrar em rota de colisão nesta terça-feira, desta vez por ocasião do segundo aniversário do referendo separatista de 2017 - considerado ilegal por Madri.
Com todos os partidos políticos com as atenções voltadas ao dia 10 de novembro, data das novas eleições gerais no país, as mobilizações organizadas na região da Catalunha (nordeste do país) pelo aniversário do referendo tiveram como objetivo marcar posição em uma data considerada chave por muitos setores da sociedade catalã.
Os protestos desta terça, porém, foram bem menos expressivos do que os de um ano atrás, e sem bloqueios de estradas e estações de trem. Ainda assim, a polícia regional realizou operações preventivas para evitar maiores incidentes.
O presidente interino do governo espanhol, Pedro Sánchez, abriu o fogo político com uma entrevista hoje de manhã na qual deixou claro que, mesmo sem ter status efetivo no momento, o governo tem a capacidade jurídica de suspender a autonomia da Catalunha se forem constatados procedimentos ilegais por parte das instituições regionais.
Sánchez afirmou que, se o governo catalão não agir dentro da lei, é obrigação do governo central espanhol restaurar o cumprimento. Por outro lado, o político socialista ponderou que espera não precisar chegar a esse extremo.
Após o referendo de autodeterminação de 2017, o governo autônomo catalão proclamou a independência da Catalunha poucos dias depois. Pouco tempo depois, o então governo espanhol liderado pelo conservador Mariano Rajoy suspendeu temporariamente a autonomia da região.
Sánchez salientou hoje que, caso o governo espanhol tiver que agir na Catalunha, fará o trabalho com firmeza. Ele também reiterou que o artigo 155 da Constituição espanhola - que autoriza a suspensão da autonomia de uma região - pode ser aplicado por um governo interino sem problemas.
O presidente do governo também fez um apelo aos separatistas para que descartem qualquer ato violento, depois que sete radicais catalães foram presos portando substâncias para a fabricação de explosivos com os quais esperavam cometer atentados durante as manifestações de hoje, segundo as autoridades.
Por sua vez, o presidente regional catalão, Quim Torra, protagonizou nestq terça-feira um ato comemorativo do referendo de dois anos atrás, no qual tanto ele como o governo regional se comprometeram a avançar para conseguir o objetivo de independência.
Os partidos de centro-direita de âmbito nacional (Partido Popular e Ciudadanos) criticaram Sánchez pelo que consideram uma fraqueza no que se refere ao tema.
Os protestos de hoje tiveram maior intensidade na cidade de Girona, onde cerca de 300 pessoas protestaram no começo da manhã em frente ao quartel da Guarda Civil da cidade e fizeram uma passeata até a sede local do governo espanhol.
Apesar das manifestações, as estradas e ferrovias funcionaram normalmente, assim como o metrô de Barcelona, diferentemente do ocorrido no ano passado, quando vários trechos das principais estradas e de algumas estações foram interditados.
Vários partidos e organizações separatistas aproveitaram o significado especial do dia de hoje para anunciar as manifestações que preparam caso o Tribunal Supremo espanhol condene os 12 líderes independentistas julgados pelo processo do referendo de 2017.
O anúncio da sentença está previsto para meados de outubro, mas políticos independentistas já afirmaram que qualquer decisão condenatória terá uma resposta "em massa, a partir da luta não violenta e da desobediência civil". EFE
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