Com apoio popular, Vizcarra nomeia novos ministros e se reforça no poder
Lima, 3 out (EFE).- O presidente do Peru, Martín Vizcarra, nomeou nesta quinta-feira sua nova equipe de governo e, com apoio da população, que saiu às ruas em uma grande manifestação para respaldar a decisão de dissolver o Congresso, se reforçou no poder.
O novo Conselho de Ministros, que tem entre seus integrantes um ex-deputado dissidente do fujimorismo, principal inimigo político de Vizcarra, tomou posse hoje, evidenciando que a facção do Congresso que se opõe à dissolução tem cada vez uma margem menor de movimento jurídico político para enfrentar o presidente.
Vizcarra mudou o gabinete de governo após a renúncia de Salvador del Solar do cargo de primeiro-ministro por considerar que o Congresso tinha rejeitado a moção de confiança apresentada pelo governo para solicitar mudanças no processo de escolha de novos membros do Tribunal Constitucional.
A decisão do Congresso de não votar a moção de confiança levada pelo premiê fez Vizcarra dissolver o órgão e convocar eleições legislativas antecipadas para o próximo dia 26 de janeiro. A decisão, porém, não foi aceita por parte dos parlamentares, que aprovaram a suspensão temporária do presidente do cargo e empossaram a então vice, Mercedes Aráoz.
Aráoz, porém, em uma nova reviravolta na crise política, renunciou ao cargo. O novo primeiro-ministro do Peru, Vicente Zeballos, não aceitou a renúncia da vice-presidente porque ela ocorreu em um "Congresso que não existe".
Entre os novos ministros de Vizcarra está Francisco Petrozzi, dissidente do fujimorismo que assumirá o Ministério da Cultura. María Antonieta Alva, de 34 anos, será a nova ministra de Economia e Finanças, a mais jovem da história a ocupar o cargo.
Ao longo do dia, milhares de pessoas, convocadas por organizações civis, partidos aliados a Vizcarra e sindicatos, fizeram uma grande manifestação para apoiar o presidente na decisão de dissolver o Congresso e convocar novas eleições.
Os manifestantes diziam que o "fujiaprismo já caiu", uma referência aos integrantes do partido Força Popular, de Keiko Fujimori, principal líder da oposição que está presa por corrupção, e do Aprista, do ex-presidente Alan García, que se suicidou pouco antes de ser detido por envolvimento no escândalo de corrupção da Odebrecht.
As duas legendas lideram o grupo de congressistas que se recusa a aceitar a dissolução.
Enquanto Vizcarra ganhava apoio da população, os representantes dos dois partidos criticavam, como membros da Comissão Permanente designada após a dissolução do Congresso, os novos ministros, chamando-os de "cúmplices do golpe de Estado".
O único movimento prático feito pela oposição hoje foi o envio do jurista Gonzalo Ortiz de Zevallos, designado como novo integrante do Tribunal Constitucional na segunda-feira, à sede do órgão para exigir ser empossado.
Ortiz de Zevallos, que é parente de Pedro Olaechea, presidente da Comissão Permanente do Congresso e um dos líderes do grupo dos rebeldes, não foi recebido por ninguém no Tribunal Constitucional e se limitou a deixar protocolado um documento no qual exigia ser empossado no cargo. EFE
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