Morales recebe diplomatas após denúncia de fraude nas eleições bolivianas
O presidente da Bolívia, Evo Morales, se reuniu nesta terça-feira com membros de delegações diplomáticas e organizações internacionais após denúncias de fraude na apuração dos resultados nas eleições realizadas pelo país no domingo.
A reunião aconteceu na Casa Grande do Povo, sede do governo em La Paz. Participaram do encontro o represente na Bolívia do Escritório da ONU contra a Droga e o crime (UNODC), Thierry Rostan, o chefe-adjunto da delegação da União Europeia, Jorg Schreiber, e um representante da Organização de Estados Americanos (OEA).
"Façam auditoria. Não tenho nada para esconder, não precisamos de ajuda de ninguém", disse Morales aos diplomatas que participaram da reunião, que terminou por volta das 12h (horário local, 13h em Brasília).
Após o encontro, o chefe da delegação da UE leu um comunicado.
"É vital garantir a credibilidade do processo eleitoral, manter a confiança dos eleitores e respeitar a vontade do povo boliviano. Os recentes incidentes devem ser investigados", afirmou Schreiber.
A divulgação dos resultados apurados por sistema de Transmissão Rápida Eleitoral Preliminar (TREP), que indicou a vitória de Morales sobre o opositor Carlos Mesa no primeiro turno, provocaram uma série de protestos em cidades como La Paz, Cochabamba, Oruro e Sucre.
A contagem dos votos foi suspensa no domingo, com 80% das atas contabilizadas, momento em que os resultados apontavam paraum segundo turno entre os dois principais candidatos do pleito. Houve, porém, discrepâncias entre dos dados do TREP e do cômputo oficial, um sistema mais lento de apuração, que ainda está em andamento no país.
A vantagem conquistada por Morales no intervalo em que a apuração foi paralisada revoltou Mesa e seus aliados, que denunciaram a existência de fraudes no processo. Inclusive, o ex-presidente boliviano, candidato pela coalizão Comunidade Cidadã, anunciou que não reconhecerá os resultados contabilizados por meio do TREP.
O Comitê Nacional de Defesa da Democracia (Conade) convocou uma greve nacional para esta semana como medida de "resistência civil" diante de uma possível fraude eleitoral.
A Coordenação Nacional pela Mudança (Conalcam), que reúne sindicatos de operários, camponeses e indígenas simpatizantes de Morales, organizará amanhã uma marcha pacífica para "rejeitar as atitudes antidemocráticas da oposição".
Ontem, a OEA expressou preocupação e surpresa com a mudança repentina na tendência dos resultados apurados pelo TREP e pediu que o voto dos bolivianos seja respeitado.
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