Poluição atmosférica causa 7 milhões de mortes por ano
Madri, 30 nov (EFE).- A poluição atmosférica provoca cerca de sete milhões de mortes por ano em todo o mundo, segundo dados de diversas sociedades médicas e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por ocasião da Cúpula do Clima, que será realizada em Madri de 2 a 13 de dezembro, a Agência Efe entrevistou diretores de sociedades médicas para saber o impacto da poluição na saúde.
Segundo a Agência Europeia do Ambiente (AEA), existe uma relação estreita entre as alterações climáticas e a qualidade do ar.
Em muitas regiões do mundo, a previsão é que as alterações climáticas afetem a frequência das ondas de calor e os episódios de estagnação do ar. Além de prolongar os períodos de aumento dos níveis de ozônio, isso pode agravar ainda mais as concentrações máximas do gás.
A OMS estima que nove a cada dez pessoas no mundo respiram ar poluído e que cerca de sete milhões de pessoas morrem todos os anos de exposição às partículas finas nele contidas.
De acordo com os relatórios, a poluição atmosférica causa 24% de todas as mortes de adultos por doença cardíaca, 25% das mortes por acidente vascular cerebral (AVC), 43% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 29% das mortes por câncer de pulmão.
Segundo um estudo elaborado em 2017 pela OMS, mais de um quarto - 1,7 milhões - das mortes de crianças com menos de 5 anos de idade são o resultado da poluição ambiental. Desses casos, 570 mil são provocados por infecções respiratórias, incluindo pneumonia.
A pneumologista Isabel Urrutia, coordenadora do setor de Doenças Respiratórias Ocupacionais e Ambientais da Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica (SEPAR), destaca que a poluição "afeta os pacientes que têm uma doença respiratória crônica e aumenta as chances de desenvolver asma, sobretudo em crianças".
"A poluição do ar representa mais de 50% dos casos de pneumonia infantil. Viver em contato contínuo com altos níveis de poluição é equiparável a fumar entre cinco e dez cigarros por dia", disse Carlos A. Jiménez-Ruiz, presidente da SEPAR.
De acordo com o pesquisador Xavier Basañaga, do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), "há cada vez mais efeitos da poluição na saúde, não só influenciando doenças respiratórias ou cardiovasculares, mas também afetando o cérebro e no aparelho reprodutor".
Quanto aos efeitos nas crianças, de acordo com um estudo elaborado pelo ISGlobal, 33% dos novos casos de asma infantil na Europa podem ser atribuídos à poluição atmosférica.
Sobre o impacto em nível cardiovascular, Jordi Bañeras, membro da Sociedade Espanhola de Cardiologia (SEC) e da Fundação Espanhola do Coração (FEC), explicou que "o sistema circulatório é o que mais sofre danos causados pela poluição, já que os poluentes passam pela corrente sanguínea e acabam produzindo doenças tanto em nível cerebral como cardíaco".
"Em todo o mundo, 40% dos efeitos da poluição sobre a saúde envolvem o coração, enquanto apenas 6% das infecções são associadas a esta causa no nível respiratório", acrescentou.
A respeito da relação com o câncer, Aitana Calvo, secretária científica da Sociedade Espanhola de Oncologia Médica (SEOM), comentou que a poluição é considerada, desde 2013, um agente cancerígeno pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) da OMS.
"Globalmente, há cerca de 223 mil mortes relacionadas ao câncer de pulmão e, embora a poluição seja um dos fatores de risco mais baixos (um a cada dez tumores pulmonares se deve a essa causa, enquanto o tabaco é responsável por até 90% em homens e 80% em mulheres), a população exposta é muito ampla", analisou. EFE
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