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Trump e Biden se acusam mutuamente de politizar futura vacina contra covid-19

O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu adversário na corrida de 2020 pela Casa Branca, Joe Biden, trocam acusações sobre vacinas  - Saul Loeb e Ronda Churchill/AFP
O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu adversário na corrida de 2020 pela Casa Branca, Joe Biden, trocam acusações sobre vacinas Imagem: Saul Loeb e Ronda Churchill/AFP

08/09/2020 04h16

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou os seus adversários nas eleições de novembro, Joe Biden e Kamala Harris, de minar a confiança pública em uma futura vacina contra a covid-19 por razões políticas.

Na contramão, Biden, candidato do Partido Democrata à Presidência, disse que Trump está "jogando política" e pressionando para ter uma vacina disponível antes das eleições de 3 de novembro, o que poderia gerar desconfiança quanto à eficácia da imunização.

Durante entrevista na Casa Branca, o presidente insistiu que a vacina estará disponível em tempo recorde e disparou contra Harris por dizer que ele não confiaria nas promessas do chefe de governo sobre a segurança da vacina se elas não fossem acompanhadas de garantias de cientistas.

Trump exige pedido de desculpas

"Biden e sua companheira de chapa tão progressiva (Harris), que não é competente, em minha opinião, devem imediatamente pedir desculpas pela retórica antivacina irresponsável que estão adotando agora. Isso mina a ciência e é retórica política, é muito perigoso", acusou o presidente.

Trump chegou ao ponto de insultar o candidato presidencial democrata, dizendo: "Biden é uma pessoa estúpida, vocês sabem disso".

O presidente reagiu, assim, às observações de Harris durante uma entrevista transmitida sábado pela emissora de televisão CNN, na qual a candidata à vice-presidência declarou que não confiaria apenas na palavra de Trump para uma imunização contra o coronavírus se a Casa Branca a anunciasse em breve.

"Eu não confiaria em Donald Trump. Ele teria que ser uma fonte de informação confiável que fale sobre a eficácia e confiabilidade do que quer que seja que ele esteja falando", afirmou a senadora democrata.

Harris afirmou ter medo de Trump "amordaçar, reprimir ou deixar de lado" os especialistas em saúde pública. "Ele está enfrentando uma eleição em menos de 60 dias, e ele está tentando se agarrar a qualquer coisa para fingir que é um bom líder nessa questão, quando ele não o é", considerou.

Biden diz que se vacinaria mesmo colocando vitória em jogo

Em visita à Pensilvânia nesta segunda-feira, Biden foi perguntado se se vacinaria caso fosse apresentada por Trump alguma vacina antes das eleições.

"Somente se (o processo) fosse completamente transparente, somente se soubéssemos tudo que a vacina passou até a aprovação" respondeu o ex-vice-presidente.

Entretanto, Biden ressaltou que depois de ver o que os cientistas dizem sobre tal imunização, ele tomaria a vacina de bom grado, mesmo que isso represente um impulso à campanha do adversário.

"Se eu pudesse tomar a vacina amanhã, eu a tomaria. Mesmo que isso me custasse a eleição, eu o faria. Precisamos de uma vacina e precisamos dela agora", concluiu.

Alguns especialistas em saúde pública expressaram a preocupação de que a Casa Branca possa estar pressionando para pular etapas no processo de aprovação de vacinas e anunciá-lo antes do pleito de novembro, impulsionando, assim, as opções de reeleição de Trump.

Tais rumores poderiam reforçar o ceticismo dos americanos sobre a segurança de uma vacina potencial no momento em que ela for anunciada, o que também é uma preocupação dos cientistas.

Dois terços dos eleitores americanos dizem que não tentarão tomar a vacina da covid-19 assim que ela estiver disponível, e um em cada quatro diz que não quer que ela seja dada, de acordo com uma pesquisa publicada na última sexta-feira pelo jornal USA Today.