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Conflito com Boko Haram matou mais de 320 mil crianças na Nigéria, diz ONU

25/06/2021 16h24

Lagos, 25 jun (EFE).- O conflito desencadeado há 12 anos pela violência do grupo jihadista Boko Haram no nordeste da Nigéria causou a morte de cerca de 324.000 crianças menores de cinco anos, a maioria delas por doenças ou desnutrição, segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O estudo, enviado hoje à Agência Efe pelo escritório nigeriano do PNUD, indica que o jihadismo causou diretamente a morte de 35.000 pessoas nos estados de Borno, Adamawa e Yobe "como resultado de batalhas ou violência unilateral desde 2009".

No entanto, segundo esclarece o documento, o "custo humano total é muito mais elevado", uma vez que muito mais vítimas morreram devido aos "efeitos indiretos" do conflito.

Até o final de 2020, o conflito causou cerca de 350 mil mortes, das quais 314 mil aconteceram por causas indiretas, segundo o PNUD.

A insegurança levou à diminuição da produção agrícola e do comércio, reduzindo o acesso a alimentos e ameaçando as muitas famílias que dependem da agricultura para obter renda.

Centenas de milhares de nigerianos também foram deslocados de suas casas, muitas vezes significando a perda de meios de subsistência, bens e sistemas de apoio essenciais.

"Crianças pequenas, que são especialmente vulneráveis à desnutrição e a doenças (...), são as mais afetadas. Estimamos que mais de 90% das mortes atribuíveis ao conflito até 2020, cerca de 324.000, são de crianças menores de cinco anos", detalha o relatório.

Ainda de acordo com o PNUD, com mais uma década de violência, esse número pode subir para mais de 1,1 milhão de mortes.

"Os efeitos da insurgência e a persistência da insegurança são inseparáveis das privações socioeconômicas pré-existentes na região", ressaltou o representante do PNUD na Nigéria, Mohamed Yahya.

O Boko Haram foi criado em 2002 na cidade de Maiduguri, capital de Borno, pelo líder espiritual Mohammed Yusuf para denunciar o abandono do norte do país pelas autoridades.

Naquela época, o grupo realizava ataques contra a polícia nigeriana, mas, desde que Yusuf foi morto por agentes em 2009, o Boko Haram se tornou mais radical.

Desde então, o nordeste da Nigéria vive um estado de violência provocado pelo grupo jihadista, que pretende impor um estado islâmico no país, de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristão no sul.

Durante sua campanha sangrenta, o Boko Haram - que também atua em países vizinhos como Níger, Chade e Camarões - matou cerca de 35.000 pessoas e deixou mais de dois milhões de deslocados na Nigéria, segundo dados da ONU e do governo nigeriano.

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