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Johnson descarta renúncia e evita perguntas sobre festas em Downing Street

Estimulado por seus colegas conservadores, que temem um avanço eleitoral da oposição, Boris Johnson acusou Starmer, ex-procurador estadual, de ser "oportunista" - Adrian Dennis/AFP
Estimulado por seus colegas conservadores, que temem um avanço eleitoral da oposição, Boris Johnson acusou Starmer, ex-procurador estadual, de ser 'oportunista' Imagem: Adrian Dennis/AFP

26/01/2022 15h54

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, refutou nesta quarta-feira os pedidos da oposição para que renuncie e se recusou a responder perguntas sobre o escândalo das festas realizadas em Downing Street durante a pandemia, alegando que já há uma investigação policial em andamento.

Em uma tensa sessão de fiscalização do governo na Câmara dos Comuns, o líder trabalhista Keir Starmer perguntou ao premiê se pensava em deixar seu posto, uma vez que, ao contrário do que o chefe do governo defende há meses, está provado que houve festas em sua residência e em escritórios oficiais em possível violação das restrições sanitárias.

"Não", respondeu Johnson, que acusou seu rival de tentar forçá-lo a comentar um assunto sobre o qual disse "não poder falar ainda".

Starmer o repreendeu por colocar o Reino Unido em uma situação "vergonhosa", depois que a Polícia Metropolitana de Londres (Scotland Yard) confirmou ontem que investigará as reuniões em Downing Street que possam ter violado os regulamentos.

Ao mesmo tempo, também se espera que nas próximas horas a funcionária Sue Gray publique seu relatório sobre o que aconteceu na sede do governo durante os períodos de confinamento.

Johnson indicou hoje na Câmara dos Comuns que divulgará o documento na íntegra, em meio a temores dos deputados de que divulgará apenas uma versão resumida.

Estimulado por seus colegas conservadores, que temem um avanço eleitoral da oposição, o primeiro-ministro acusou Starmer, ex-procurador estadual, de ser "oportunista" e "mais advogado do que líder".

Johnson respondeu afirmativamente, no entanto, quando o trabalhista lhe perguntou se deixaria o cargo no caso de, em violação ao código de conduta parlamentar, ficar provado que ele "enganou conscientemente" o parlamento, ao assegurar há alguns meses que não houve eventos sociais em Downing Street nem violação dos regulamentos sanitários.

Argumentando que os cidadãos querem que ele se concentre nas grandes questões, como a crise energética e o aumento da inflação, o primeiro-ministro conseguiu evitar perguntas sobre seu futuro e as comemorações dos funcionários durante a pandemia.

Johnson argumentou que o Partido Trabalhista e outros o querem "fora do caminho", porque alcançou grandes conquistas para o Reino Unido, como a execução do Brexit e o programa de vacinação, além de se vangloriar por "unir o Ocidente para preparar um pacote duro de sanções" que impede a Rússia de invadir a Ucrânia.

Dependendo das conclusões do relatório de Gray - e acima de tudo da investigação policial -, os parlamentares conservadores podem decidir organizar uma votação de confiança interna contra Johnson, que seria forçado a renunciar ao cargo de líder do partido e primeiro-ministro se a perdesse e seria substituído por um candidato decorrente de eleição interna.