Topo

Esse conteúdo é antigo

Esquerda e direita disputarão 2º turno das eleições presidenciais da Colômbia

30/05/2022 14h09

Bogotá, 29 mai (EFE).- O segundo turno das eleições presidenciais da Colômbia serão disputados entre o candidato de esquerda Gustavo Petro e Rodolofo Hernández, esse último que conseguiu desbancar na reta final da campanha outro representante da direita, Federico Gutiérrez.

De acordo com o Registro Nacional, órgão responsável por organizar o pleito, com a apuração quase concluída, Petro, do partido Pacto Histórico, obteve 8.526.352 votos, o que representa 40,32%; enquanto Hernández, do movimento Liga de Governadores Anticorrupção, recebeu 5.952.748 votos, o equivalente a 28,15%.

Na terceira posição do primeiro turno, ficou o grande derrotado destas eleições, o ex-prefeito de Medellín Federico "Fico" Gutiérrez, da coalizão de direita Equipe pela Colômbia. O candidato teve 5.057.284 votos (23,91%).

A quarta colocação ficou com outro ex-prefeito de Medellín, Sergio Fajardo, da coalizão Centro Esperança, que conseguiu 888.413 votos (4,20%).

A liderança de Pedro era esperada e confirmou as pesquisas de intenção de voto, mas o desejo de vencer ainda no primeiro turno não foi alcançado por uma margem considerável, já que era preciso alcançar 50% dos votos mais um.

As últimas consultas à opinião dos eleitores também indicavam Hernández, de 77 anos e que é engenheiro e empresário, na terceira colocação, mas o candidato superou os prognósticos e enfrentará o postulante de esquerda daqui três semanas.

DERROTA DE DUQUE.

Petro, que foi prefeito de Bogotá entre 2012 e 20'5, garantiu neste domingo que a vitória que obteve é a derrota do projeto político do atual presidente do país, Iván Duque, e do chamado "uribismo", em referência à Álvaro Uribe, que liderou a Colômbia de 2002 a 2010.

Esta pode ser a primeira vez que a esquerda elegerá o presidente colombiano, e também a primeira vez, em 20 anos, que o "uribismo" não está entre as opções no segundo turno das eleições nacionais.

"Os partidos políticos aliados ao governo de Duque, seu projeto político, foram derrotados", garantiu Petro, em discurso feito ainda ontem à noite.

O candidato de esquerda conseguiu vantagem de cerca de 2,5 milhões de votos sobre Hernández, ex-prefeito de Bucaramanga, que, assim como o adversário, vem se apresentando como alternativa de "mudança" para a Colômbia, tendo centrado a campanha, basicamente, na luta contra a corrupção.

"Pode haver mudanças que são levantar uma rocha e deixá-la cair nos pés, dar um tiro no pé. Há mudanças que não são mudanças, são suicídios", disse Petro, em referência ao adversário, chamado de "Trump tropical", em referência ao ex-presidente americano.

O candidato de esquerda garantiu que propõe uma "mudança de verdade", que permitiria uma era mais próspera para a Colômbia. Além disso, garantiu que suas intenções de lutar contra a corrupção são mais sólidas do que as de Hernández.

"A corrupção não é combatida com frases no TikTok", disse Petro, em clara alusão à campanha do adversário, que foi forte nas redes sociais.

"VONTADE CIDADÃ".

Hernández, por sua vez, comemorou emocionado neste domingo o que classificou de "vontade cidadã firma", que o colocou no segundo turno, em que disse ter certeza que sairá vencedor, para "concretizar a mudança que começou".

"Ganha um país que não quer seguir nem um só dia mais com as mesmas pessoas que levaram à uma situação dolorosa", em que disse estar a Colômbia.

Hernández garantiu que "hoje (domingo), perdeu o país da politicagem, da corrupção, perderam os grupos que acreditavam que seriam governo eternamente. Hoje, ganhou a população, hoje, ganhou a Colômbia", afirmou.

O candidato de direita disse estar "consciente das dificuldades" que terá em um eventual governo e da "necessidade de unir o país". Além disso, ser "consciente" que o povo colombiano deverá acompanhá-lo nas decisões a serem tomadas.

GUTIÉRREZ APOIARÁ HERNÁNDEZ.

"Fico" Gutiérrez, apoiado por Duque, anunciou neste domingo que, no segundo turno, votará em Hernández, em discurso em que reconheceu a derrota no pleito deste domingo.

"Quero expressar publicamente que nós não podemos perder o país, não podemos colocar o futuro da Colômbia em risco, de nossas famílias e nossos filhos", afirmou o candidato de direita, ao se posicionar sobre a votação que acontecerá em 19 de junho.

GOVERNO APONTA PARA JORNADA TRANQUILA.

O presidente do país, Iván Duque, destacou a "calma" com que o dia de eleições aconteceu, depois de problemas no pleito legislativo de 13 de março, e em meio a denúncias de fraude feitas por Petro e outros candidatos.

"Hoje, os colombianos foram às urnas e, com sua participação, demonstraram, uma vez mais, a solidez da nossa democracia", disse o chefe de Estado, que exaltou o trabalho da comissão eleitoral e das forças de segurança locais.

O ministro da Defesa, Diego Molano, informou que, na manhã de ontem, foram achados "três artefatos explosivos", dois deles que foram detonados por agentes especializados. O terceiro, contudo, deixou um militar ferido. EFE

ocm/bg

(foto) (vídeo)