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Apagão na Venezuela provoca caos no transporte e interrompe transmissão de Maduro

Leo Ramirez/AFP
Imagem: Leo Ramirez/AFP

Brian Ellsworth e Patricia Velez

Em Caracas

27/06/2014 18h14Atualizada em 27/06/2014 21h39

Um blecaute atingiu a maior parte da Venezuela nesta sexta-feira, dando um nó no tráfego da capital, Caracas, e em outras grandes cidades do país, enquanto as autoridades corriam para restaurar a eletricidade após o apagão, que interrompeu duas vezes um pronunciamento presidencial.

Muitos pedestres perambulavam pelas ruas de Caracas, já que o apagão forçou o fechamento do metrô e deixou motoristas frustrados buzinando em meio ao caos instaurado pela falta de semáforos.

No início da noite, ministros do governo disseram esperar que a energia fosse restaurada em breve. Foi o segundo grande apagão nacional em menos de um ano.

"Como vou chegar em casa? Pelo amor de Deus", desabafou Pedro Mayora, contador de 58 anos, do oeste empobrecido da cidade, que esperava do lado de fora do metrô.

Trabalhadores se reuniam em grupos fora dos edifícios esvaziados, alguns se queixando da dificuldade de comunicação por causa do congestionamento das linhas de celular.

A queda de energia em uma estação no centro do país afetou outros centros de geração, interrompendo o serviço na área e na região dos Andes, no oeste, disse o ministro da Eletricidade, Jesse Chacón, à rede de TV estatal.

Os problemas se estenderam a Maracaibo, segunda maior cidade venezuelana, e ao polo industrial de Valencia.

Nos últimos anos, o país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem sofrido uma série crescente de apagões, que críticos atribuem às baixas tarifas de energia e aos investimentos estatais limitados desde a nacionalização do setor em 2007.

As imagens de TV ficaram congeladas por vários segundos durante a transmissão do discurso do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na cerimônia de uma premiação jornalística nacional. As palavras "parece que caiu a energia" puderam ser ouvidas ao fundo.

"O tráfego normalmente flui bem, mas sem energia é um caos completo", disse Carlos Pena, frentista de 58 anos.

Um representante da companhia estatal de petróleo PDVSA disse não haver relatos de que a indústria petroleira foi afetada.

Em dezembro, Maduro atribuiu um apagão semelhante a sabotadores da oposição, que teriam atacado uma linha de transmissão com uma arma de fogo.

Críticos afirmam que os problemas energéticos são um sintoma de 15 anos de políticas socialistas que deixaram o país sem um suprimento constante de energia, apesar de ter as maiores reservas de petróleo do mundo.