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ENTREVISTA-Exportadora de café robusta compensa menor volume com preço no mercado interno

29/11/2016 19h28

Por Reese Ewing

SÃO PAULO (Reuters) - A exportadora de café Tristão, com sede no Espírito Santo, maior Estado produtor de robusta do Brasil que teve as lavouras prejudicadas pela seca, está compensando os menores volumes nas exportações com vendas a preços mais altos no mercado doméstico.

Marcio Cândido Ferreira, diretor de vendas da Tristão, uma das dez maiores exportadores de robusta do Brasil, disse que a empresa movimentou 900 mil sacas de café em 2015, com 20 por cento desse volume indo para o mercado doméstico.

"Neste ano, esperamos movimentar apenas 600 mil sacas", disse ele. "Mas a participação do nosso negócio no mercado interno será maior agora porque os preços estão mais competitivos aqui."

O Brasil proíbe a importação do café verde, o que tem complicado os negócios para a indústria local de café solúvel que está tendo dificuldades para encontrar grãos do tipo robusta.

A indústria de solúvel, diferente dos torrefadores, precisa usar robusta para fabricar café instantâneo.

A seca e o mercado protegido para o café verde levaram os preços do café robusta, que é normalmente mais barato, para níveis recordes de 550 reais por saca, no mesmo nível de arábicas de menor qualidade, disse Ferreira.

Torrefadoras foram capazes de mudar para arábicas com a escassez robusta, mas a indústria de solúvel tem lutado com essa situação, tendo que cortar suas vendas no exterior. O Brasil é o maior exportador mundial de café.

Ferreira disse que os preços para robusta atualmente em 470 reais a saca no Estado ainda eram muito atraentes para os produtores. Os preços internacionais equivalentes para robusta estão atualmente em 420-430 reais a saca.

Ferreira disse que quando a Tristão percebeu que haveria uma queda acentuada na safra robusta do país no início deste ano decidiu comprar tantos grãos quanto pôde durante a colheita, ao mesmo tempo em que gerenciava as expectativas dos clientes.

"Aceleramos nossas compras físicas e enchemos nosso armazém o máximo que pudemos", disse ele. "Então aconselhamos nossos clientes sobre a situação para que pudessem comprar mais cedo se precisassem."

Ferreira disse que os custos da armazenagem adicionados foram compensados ​​pelos preços mais altos oferecidos pelo mercado.

As chuvas favoráveis ​​voltaram às regiões do robusta do Espírito Santo no início de novembro, o que deve levar a melhores rendimentos de árvores danificadas pela seca em 2017 e 2018, disse Ferreira.

"As árvores ainda estarão se recuperando em 2017, mas as abundantes chuvas e fertilizantes adicionais aumentarão o tamanho dos grãos que estão nas árvores", disse ele.

"A colheita de 2018 vai mostrar uma recuperação muito maior, porém com mais grãos nas árvores."