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Premiê italiano Renzi diz que vai renunciar após derrota em referendo

05/12/2016 09h38

Por Crispian Balmer e Gavin Jones

ROMA (Reuters) - O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, anunciou que irá renunciar após sofrer uma derrota esmagadora em um referendo no domingo sobre uma reforma constitucional, lançando a terceira maior economia da zona do euro em turbulência política.

A decisão de Renzi de renunciar após dois anos e meio no gabinete afeta em cheio a União Europeia, que já sofre com múltiplas crises e lutando para superar forças antissistema que atingiram a política ocidental neste ano.

O euro chegou a cair para a mínima de 20 meses contra o dólar, à medida que os mercados ficaram preocupados que a instabilidade da Itália possa reiniciar uma crise financeira e afetar o frágil setor bancário italiano. No entanto, a moeda se recuperou durante a manhã.

O ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, visto como nome possível para substituir Renzi, não irá comparecer a reuniões agendadas com colegas europeus em Bruxelas nesta segunda-feira e na terça, informou uma fonte do Tesouro.

A renúncia de Renzi pode abrir as portas para eleições antecipadas no ano que vem e para a possibilidade de um partido anti-euro, o Movimento 5-Estrelas, ganhar o poder no coração da zona da moeda comum. O 5-Estrelas fez uma campanha intensa pelo "não" no referendo.

"Assumo total responsabilidade pela derrota", disse Renzi em discurso televisionado à nação, dizendo que irá entregar sua renúncia formal nesta segunda-feira ao presidente Sergio Mattarella.

"Irei receber meu sucessor com um sorriso e um abraço, quem quer que seja", disse ele, lutando para conter as emoções ao agradecer a esposa e os filhos por seu apoio. "Não somos robôs", afirmou a certa altura.

O "não" obteve impressionantes 59,1 por cento dos votos, de acordo com a contagem final.

Cerca de 33 milhões de italianos, ou mais de dois terços dos eleitores elegíveis, depositaram seus votos depois de meses de uma campanha agressiva em que Renzi rivalizou com todos os grandes partidos de oposição, incluindo o antissistema 5-Estrelas.

Mattarella irá consultar os líderes partidários antes de escolher um novo premiê, que será o quarto chefe de governo sucessivo a ser nomeado sem um mandato eleitoral, um fato que sublinha a fragilidade do sistema político do país.

O plebiscito encerrou meses de campanha por uma reforma que, segundo Renzi, iria levar estabilidade política à Itália, mas que opositores afirmavam ameaçar os contrapesos democráticos.

Renzi, de 41 anos, assumiu em 2014 prometendo modernizar a Itália e se apresentando como um "demolidor" avesso ao status quo e determinado a romper uma burocracia asfixiante e reformular instituições decadentes.

O referendo de domingo, concebido para acelerar o processo legislativo reduzindo os poderes do Senado e de autoridades regionais, deveria ter sido sua conquista definitiva.

Mas, até agora, as reformas causaram pouco impacto e o 5-Estrelas tomou para si a bandeira anti-establishment, captando um sentimento que já levou os britânicos a romperem com a UE e os norte-americanos a elegerem Donald Trump como presidente.