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Ex-ministro Schaeuble é eleito presidente do Bundestag para enfrentar extrema-direita alemã

24/10/2017 13h10

Por Paul Carrel

BERLIM (Reuters) - O ex-ministro das Finanças alemão Wolfgang Schaeuble foi eleito presidente do Bundestag, a câmara baixa do Parlamento da Alemanha, nesta terça-feira, ocupando uma posição da qual tentará impor disciplina a parlamentares de extrema-direita que se opuseram à sua indicação.

Schaeuble recebeu 501 dos 705 votos de colegas parlamentares para o posto. Ao concordar em ir para o Parlamento, o ex-ministro abriu caminho para os Democratas Livres (FDP) assumirem seu ministério, o que ajuda a destravar as conversas sobre uma nova coalizão liderada pela chanceler Angela Merkel, que provavelmente também incluirá os Verdes.

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que obteve cadeiras na legislatura pela primeira vez no mês passado, preparou o palco para novos confrontos imediatamente após ingressar no Parlamento.

Para alarme dos conservadores, de Merkel, o anti-imigração AfD é agora a terceira maior sigla do Bundestag. Dono de vasta experiência, Schaeuble, de 75 anos, é um dos políticos mais poderosos do país e é visto como bem preparado para domar parlamentares desobedientes.

Em uma sessão parlamentar inaugural realizada após a eleição federal de 24 de setembro, a AfD --o primeiro partido de extrema-direita a entrar no Parlamento em mais de meio século-- deixou clara sua intenção de abalar a política alemã em âmbito nacional.

"O povo decidiu, agora uma nova era começa", disse o líder parlamentar da AfD, Bernd Baumann, à câmara.

Em seu primeiro discurso como presidente do Bundestag, Schaeuble reagiu: "Ninguém por si só representa o povo".

"A maneira como falamos uns com os outros aqui pode criar um exemplo de debate na sociedade", disse, acrescentando: "Estou ansioso pelos novos desafios".

Baumann chocou parlamentares ao insinuar que estes usaram táticas dos tempos nazistas para impedir que um membro da AfD assumisse um cargo no Parlamento. Marco Buschmann, político do FDP, disse que os comentários foram "além do mau gosto".

Depois de se opor à nomeação de Schaeuble para o Bundestag, a AfD deve bater de frente com outros partidos na indicação de um dos seis vice-presidentes, um de cada grupo de partidos.

Como seu vice, a AfD nomeou Albrecht Glaser, de 75 anos, que classificou o islã como uma ideologia política, ao invés de uma religião, e disse que os muçulmanos não deveriam ter o direito de liberdade de religião, já que o islã não respeita esta liberdade.

    (Reportagem adicional de Andrea Shalal)

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

REUTERS PF