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Venezuela poderá liberar ativistas e expulsar diplomatas estrangeiros

23/12/2017 17h12

Por Fabian Cambero

CARACAS (Reuters) - O governo de esquerda da Venezuela poderá liberar 80 ativistas anti-governo, e expulsar dois diplomatas seniores do Canadá e Brasil após críticas sobre direitos humanos, disse uma autoridade neste sábado.

Delcy Rodriguez, chefe da Assembléia Constituinte pró-governo, afirmou que o super-órgão legislativo estava recomendando que aqueles detidos fossem liberados de maneira breve e recebessem punições alternativas, tais como serviços comunitários e compensações para as vítimas.

Grupos de direitos humanos e opositores do presidente Nicolás Maduro dizem que as autoridades estão mantendo de maneira injusta 268 presos políticos, sendo punidos por protestarem contra a "ditadura".

Maduro, sucessor de Hugo Chávez, afirma que isso é um absurdo e que todos os ativistas presos estão lá sob acusações legítimas de violência e subversão.

"Que fique claro que os eventos promovidos pela oposição venezuelana extremista, que causaram mortes de venezuelanos, não podem se repetir", disse Rodriguez aos jornalistas.

Cerca de 170 pessoas morreram pela violência em dois protestos anti-Maduro em 2014 e no início de 2017.

A liberação potencial de dezenas de oponentes, ainda que com sentenças alternativas, poderia injetar vida nas negociações políticas entre o governo e a oposição, que devem continuar na República Dominicana no início de janeiro.

Países ocidentais e vizinhos latino-americanos têm criticado cada vez mais Maduro este ano, acusando-o de marcar a democracia e os direitos humanos. O governo diz que os países estrangeiros estão tentando encorajar um golpe de direita.

Rodriguez afirmou que a Assembleia Constituinte - que diversos países se recusam a aceitar - também estava recomendando que o embaixador brasileiro, Ruy Pereira, e o agente diplomático do Canadá Craig Kowalik sejam declarados "persona non grata".

Não houve resposta imediata de nenhum dos dois países.

A administração do presidente norte-americano Donald Trump tem criticado Maduro especialmente, impondo sanções a ele e outras autoridades do país mais cedo no ano.

"Pedimos que o regime de Maduro respeite os diretos humanos", disse a Embaixada dos EUA no Twitter neste sábado, pedindo pela liberdade dos 268 ativistas considerados prisioneiros políticos.

"Libertem-os durante esse período de festas."