Unicef vê crescentes sinais de crise de desnutrição de crianças na Venezuela
A agência da ONU para a defesa dos direitos das crianças, Unicef, informou nesta sexta-feira estar observando claros sinais de uma crescente crise de desnutrição na Venezuela, mas não possui dados para dar uma informação precisa e atacar o problema de forma eficaz.
"Embora números precisos estejam indisponíveis por conta de uma quantidade muito limitada de autoridades da saúde ou de dados sobre nutrição, há claros sinais de que a crise está limitando acesso de crianças a serviços de saúde de qualidade, remédios e comida", disse o porta-voz da Unicef, Christophe Boulierac, durante entrevista coletiva da ONU em Genebra.
O governo da Venezuela não publica dados sobre emaciação --baixo peso comparado com a altura da criança-- desde 2009, quando o número era de 3,2 por cento. A agência humanitária Caritas colocou o número em 15,5 por cento em agosto, informou a Unicef.
"Quando é sobre lutar contra desnutrição infantil, não é hora de discutir, é hora de agir", disse Boulierac. "Agir para lutar contra a desnutrição requer dados, e não há dados oficiais suficientes no momento e não há coordenação suficiente."
Ele disse não ter informações que sugerem que a Unicef está sendo impedida de fazer seu trabalho e que não é incomum ter uma falta de dados.
O governo do presidente Nicolás Maduro diz que a Venezuela está lutando contra uma conspiração da direita liderada pelos Estados Unidos determinada a acabar com o socialismo na América Latina, prejudicar a economia da Venezuela e roubar sua riqueza petrolífera.
Mas críticos dizem que Maduro, que sucedeu Hugo Chávez em 2013 e disse nesta semana estar concorrendo à reeleição, arruinou a economia do país, transformou a Venezuela em uma ditadura e fraudou o sistema eleitoral para perpetuar no poder seu Partido Socialista.
A Unicef disse que o governo havia tomado medidas para mitigar o impacto da crise sobre crianças, ao fornecer pacotes acessíveis de alimentos para as famílias mais vulneráveis, transferências de dinheiro e impulsionar avaliações nutricionais e serviços de recuperação.
Mas Boulierac disse que sem ação coordenada entre o governo, agências humanitárias e a ONU, esforços para combater a desnutrição serão ineficazes.
"É uma situação onde há uma crise econômica, hiperinflação, preços exorbitantes, e também há uma crise sócio-política com uma falta de acordo, diálogo para resolver as questões mais urgentes."
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