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Desistir da Previdência é negativo para rating do Brasil, diz Moody's

20/02/2018 14h17

SÃO PAULO (Reuters) - A desistência do governo do presidente Michel Temer em tentar aprovar a reforma da Previdência neste ano é ruim para a classificação de risco do Brasil, porque limitará a capacidade de cumprir a regra do teto de gasto, afirmou nesta terça-feira o analista-sênior da agência Moody's, Samar Maziad.

"Embora já esperássemos que uma reforma ampla fosse improvável, abandonar os planos para aprovar a proposta é negativo para o perfil de crédito do país, uma vez que restringirá fortemente a capacidade das autoridades de cumprir o teto de gastos do governo nos próximos anos", disse, referindo-se à regra que limita os gastos à inflação do ano anterior.

A Moody's classifica atualmente o país com nota "Ba2", com perspectiva negativa, já sem o chamado "grau de investimento", que classifica os emissores de dívida como bom pagadores.

Na véspera, o governo jogou a toalha sobre a votação da reforma da Previdência e apresentou um conjunto de medidas econômicas, boa parte delas já em tramitação no Congresso, para tentar amenizar o impacto da decisão no ambiente econômico.

Apesar de esperada, a desistência oficializa o adiamento da solução para colocar as contas públicas do Brasil em ordem, o que deve pressionar o próximo governo a ser eleito neste ano.

De forma geral, os agentes econômicos esperam que a Moody's e a Fitch rebaixem novamente o Brasil em breve, seguindo o que já fez a Standard & Poor's, que cortou o rating a "BB-", ante "BB", justamente em função da demora na aprovação de medidas para reequilibrar as contas públicas e de incertezas ligadas às eleições.

(Por Patrícia Duarte)