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EUA e Rússia vetam propostas um do outro para Síria; potências avaliam resposta militar

A diplomata britânica Karen Pierce e a norte-americana Nikki Haley votam a favor da resolução americana para a Síria; Bolívia vota contra - Drew Angerer/Getty Images/AFP
A diplomata britânica Karen Pierce e a norte-americana Nikki Haley votam a favor da resolução americana para a Síria; Bolívia vota contra Imagem: Drew Angerer/Getty Images/AFP

Ellen Francis e Michelle Nichols

Beirute/Nações Unidas

10/04/2018 17h49

Estados Unidos e Rússia vetaram propostas um do outro na reunião desta terça-feira (10) do Conselho de Segurança da ONU, cujo objetivo era debater uma resposta ao ataque químico ocorrido na Síria no sábado (7).

A Rússia, acompanhada pela Bolívia, vetou primeiro uma resolução dos Estados Unidos, que propunha uma investigação para apontar os responsáveis pelo ataque. Mais tarde, foi a vez dos EUA e outros países do conselho ir contra a proposta russa, segundo a qual o Conselho de Segurança deveria atribuir responsabilidades. 

Por ora, sabe-se que especialistas internacionais de armas químicas irão à cidade síria de Douma para investigar um possível ataque a gás venenoso. Enquanto isso, Estados Unidos e outras potências ocidentais consideram uma ação militar por conta do incidente.

Ações das potências

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cancelou sua participação na Cúpula das Américas, que tem início na sexta (13), no Peru, para focar em uma resposta ao incidente sírio. Trump alertou na segunda (9) pretender dar uma resposta rápida e forte assim que a responsabilidade pelo ataque for estabelecida.

A França e o Reino Unido também discutiram com o governo Trump sobre como responder ao incidente. Ambos destacaram que o responsável pelo ataque ainda precisa ser confirmado.

Ao menos 60 pessoas foram mortas e mais de mil ficaram feridas no ataque no sábado em Douma, então ainda ocupada por forças rebeldes, de acordo com um grupo sírio de socorro.

O governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad, e a Rússia, sua aliada, disseram não haver evidências de que um ataque a gás aconteceu e que a reivindicação é falsa.

O incidente colocou o conflito de sete anos na Síria de volta ao fronte de preocupação internacional e deixou Washington e Moscou um contra o outro mais uma vez.

Agravando a volátil situação na região, o Irã, outro importante aliado de Assad, ameaçou responder a um ataque aéreo contra uma base militar síria na segunda. Teerã, Damasco e Moscou culparam Israel.

Na Síria, milhares de militantes e suas famílias chegaram em partes tomadas por rebeldes no noroeste do país após entregarem Douma a forças do governo.

A saída dos militantes restaurou o controle de Assad sobre Ghouta Oriental, anteriormente o maior bastião rebelde próximo a Damasco, e deu ao presidente sua maior vitória no campo de batalha desde 2016, quando ele retomou Aleppo.

Cheiro de gás

A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), sediada em Haia, informou que a Síria havia sido solicitada a fazer arranjos necessários para o envio de uma equipe de investigação.

"Esta equipe está se preparando para ir à Síria em breve", informou em comunicado.

A missão terá como objetivo determinar se munições proibidas foram usadas, mas não irá atribuir culpa. Médicos e testemunhas disseram que vítimas possuíam sintomas de envenenamento, possivelmente por um agente nervoso, e relataram o cheiro de gás cloro.

O governo Assad e a Rússia pediram para a Opaq investigar as acusações de uso de armas químicas em Douma, uma ação aparentemente com objetivo de evitar qualquer ação liderada pelos EUA.

"A Síria está disposta a cooperar com a Opaq para descobrir a verdade por trás das acusações que algumas partes ocidentais têm feito para justificar suas intenções agressivas", informou a agência de notícias estatal síria, Sana.