Grupo separatista basco ETA pede desculpas a vítimas antes de dissolução
O grupo militante basco ETA pediu desculpas nesta sexta-feira pelo mal causado a suas vítimas e familiares durante uma campanha violenta de meio século para criar um Estado independente no norte da Espanha e no sudoeste da França.
O pedido de desculpas chega no momento em que se espera que o grupo anuncie sua dissolução definitiva no início do próximo mês, pouco mais de um ano depois de encerrar sua campanha separatista armada entregando suas armas e explosivos.
O grupo declarou um cessar-fogo em 2011 e entregou seus estoques de armas em abril de 2017, colocando fim à última grande insurgência armada da Europa Ocidental.
"Estamos cientes de que, durante este longo período de luta armada, provocamos muito sofrimento, inclusive muitos danos para os quais não há solução. Queremos mostrar respeito pelos mortos, pelos feridos e pelas vítimas que foram provocados pelas ações do ETA... pedimos desculpas sinceras", disse o grupo em um comunicado publicado no jornal basco Gara.
"Olhando para frente, a reconciliação é uma das tarefas que precisam ser realizadas no País Basco, algo que já está acontecendo entre os cidadãos. É um exercício necessário para reconhecer a verdade de maneira construtiva, curar feridas e oferecer garantias para que este sofrimento não volte a acontecer".
O governo espanhol saudou o pedido de desculpas e disse que o grupo foi derrotado "com as armas da democracia".
"As vítimas, sua memória e sua dignidade foram decisivas para derrotar o ETA. O ETA deveria ter se desculpado pelos danos causados de maneira sincera e incondicional muito tempo atrás", disse o gabinete do primeiro-ministro Mariano Rajoy.
O ETA (Euskadi Ta Askatasuna ? País Basco e Liberdade) foi fundado em 1959 e surgiu da revolta e da frustração dos bascos, que têm sua própria língua e cultura, com a repressão política do então líder espanhol, o general Francisco Franco.
A campanha, que incluiu assassinatos políticos e ataques com bomba visando a população geral, escalou nos anos 1960, e a violência da ditadura Franco foi recíproca.
O ETA anunciará sua dissolução definitiva durante o primeiro final de semana de maio, disse a emissora basca ETB na quarta-feira.
Detalhes do evento devem ser comunicados pelo advogado sul-africano Brian Currin e outros membros do organismo de mediação Grupo de Contato Internacional em uma coletiva de imprensa na segunda-feira.
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