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Trump se distancia de advogado pessoal conforme investigação segue em frente

26/04/2018 18h40

Por Brendan Pierson e Doina Chiacu

NOVA YORK/WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se distanciou nesta quinta-feira de seu advogado pessoal de longa data Michael Cohen, horas antes de um juiz decidir que documentos de Cohen apreendidos pelo FBI deveriam ser revisados por uma autoridade independente nomeada pelo tribunal.

Em uma entrevista à Fox News, Trump disse que Cohen havia lidado com somente “uma fração muito, muito pequena” de seu trabalho legal em geral.

Ele disse que a investigação “não tem a ver comigo” e que “eles estão olhando algo que tem a ver com seus negócios. Eu não tenho nada a ver com os negócios dele”.

Trump, que falou pouco publicamente sobre uma estrela de filmes adultos que diz ter recebido dinheiro para ficar em silêncio sobre uma noite que havia passado com Trump em 2006, também confirmou pela primeira vez que Cohen havia o representado nesse “louco assunto da Stormy Daniels”.

O FBI realizou operação no escritório e casa de Cohen em 9 de abril, enfurecendo Trump. Procuradores disseram que estavam investigando o advogado há meses, em grande parte por seus negócios, ao invés de seu trabalho legal.

Trump e Cohen buscaram limitar quais documentos apreendidos procuradores poderiam ver, citando privilégio advogado-cliente.

Os procuradores inicialmente disseram que os documentos deveriam ser revisados por advogados dentro do próprio escritório, que seriam afastados da equipe principal de acusação. Cohen argumentou que seus advogados deveriam ter uma primeira análise.

O juiz distrital dos EUA Kimba Wood decidiu optar em uma audiência de uma hora de duração nesta quinta-feira por uma autoridade independente chamada de mestre especial, algo que ambas partes haviam indicado estar abertas para.

A função será assumida pela ex-juíza federal Barbara Jones, que serviu em função similar em diversos outros casos. Em 2016, ela foi nomeada chefe independente de revisão para a Irmandade Internacional de Teamsters para ouvir acusações de corrupção na união dos trabalhadores, e supervisionou casos de conformidade corporativa.

Wood ordenou que procuradores entregassem todos os materiais apreendidos para Jones, que irá revisá-los para determinar o que está protegido por privilégio advogado-cliente. Advogados de Cohen e Trump poderão revisar em conjunto, para que possam questionar decisões de Jones caso não concordarem, disse o juiz.

Procuradores disseram não acreditar que os papeis possam conter muitos documentos privilegiados relacionados a Trump. Em documento judicial na manhã desta quinta-feira, eles citaram o comentário de Trump de que Cohen lidou com somente uma pequena parte de seu trabalho legal.

Cohen admitiu ter pago 130 mil dólares para Daniels, cujo nome verdadeiro é Stephanie Clifford, antes da eleição de 2016 para assegurar o silêncio da atriz sobre ter feito sexo com Trump, o que ele nega. Cohen disse que o pagamento foi legal e Daniels processou para encerrar seu acordo de confidencialidade.

Procuradores estão investigando Cohen por possível fraude bancária e fiscal, possíveis violações de leis de campanha ligadas ao pagamento a Daniels, e talvez outras questões relacionadas à campanha presidencial de Trump, disse uma pessoa familiar à investigação.

A investigação surgiu em parte do inquérito do procurador especial Robert Mueller sobre possível conluio entre a campanha presidencial de Trump em 2016 e a Rússia, algo que Trump tem repetidamente negado.

(Reportagem de Brendan Pierson, Jonathan Stempel e Karen Freifeld, em Nova York, e Doina Chiacu, em Washington)