EUA não reconhecerão resultado da eleição da Venezuela, diz Departamento de Estado
Os Estados Unidos não vão reconhecer o resultado das eleições presidenciais da Venezuela neste domingo (20), disse o número dois do Departamento de Estado, John Sullivan, a jornalistas.
Os Estados Unidos consideram ativamente sanções de petróleo na Venezuela e Sullivan disse que uma resposta às eleições deste domingo seriam discutidas em um encontro do G20 em Buenos Aires, na segunda-feira (21).
Sullivan também disse não conhecer nenhum plano para retirar assistência dos EUA do noroeste da Síria.
Na sexta-feira (18), a CBS News divulgou que a administração Trump retirou toda a assistência do Noroeste da Síria, um movimento que demonstraria a intenção da administração de sair rapidamente uma vez que o Estado Islâmico esteja totalmente derrotado.
O dia foi marcado por locais de votação vazios e protestos de venezuelanos erradicados em outros países, como Estados Unidos, Colômbia e Peru.
Os EUA anunciaram no final do domingo que não reconhecerão o resultado da eleição.
O chamado Grupo de Lima, que reúne diversos países da América, inclusive o Brasil, divulgou um comunicado em que não se manifesta diretamente sobre o pleito, mas reitera o compromisso de prestar assistência aos venezuelanos diante da crise.
Eleições esvaziadas
Durante todo o dia de votação, as agências de notícias descreveram locais de votação vazios e atribuíram o esvaziamento a um boicote convocado pelos opositores.
A organização oposicionista Frente Ampla Venezuela Livre divulgou um balanço das eleições às 18h do domingo, horário em que o pleito deveria ter terminado. Segundo o balanco, apenas 30% dos eleitores compareceram aos colégios eleitorais.
As ruas e seções eleitorais vazias podem ser consequência de um boicote convocado pela principal aliança de oposição, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), que não participou do pleito.
"Como não denunciar quando se leva as pessoas como se fossem cordeirinhos? Tem que dar liberdade às pessoas", expressou Bertucci após votar.
O comércio, por sua vez, funcionou normalmente neste domingo, registrando grandes filas.
No Colégio Miguel Antonio Caro, a seção eleitoral do presidente e candidato à reeleição Nicolás Maduro, havia mais pessoas esperando o ônibus para ir à praia do que para votar, relatou a agência Efe.
Alguns diziam à agência, sem gravar entrevista por medo de represálias, que a abstenção venceu as eleições.
No centro da cidade, Marcos Rojas, um aposentado de 63 anos, disse que não votaria porque as eleições já estavam definidas. "De qualquer forma, quem vai vencer é o presidente. Além disso, não confio no Conselho Nacional Eleitoral para nada", afirmou.
Venezuelanos que votaram criticam o boicote
"Se as pessoas seguirem pensando desta maneira nunca vamos sair disso. Elas não pensam que têm uma oportunidade de escolher o destino de nosso país", disse também à Efe a dona de casa Rosa Colmenares, criticando os compatriotas que não foram votar.
Poucas pessoas estavam na seção eleitoral de Colmenares no leste de Caracas. Apesar disso, ela pediu que os venezuelanos pensem com o coração e pensem diferente para conseguir uma mudança de governo.
No outro lado da cidade, no bairro de Catia, um reduto do chavismo no oeste de Caracas que também estava pouco movimentado, o operário Francisco Azuaje concorda.
"Vim votar para ver se mudamos o país. Não estou de acordo com a convocação pela abstenção", afirmou.
A presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, Delcy Rodríguez, deu um depoimento nesta noite dizendo que "o grande perdedor destas eleições foi o boicote".
Os pontos vermelhos
A maior parte dos eleitores em Catia passava pelos chamados "pontos vermelhos", tendas montadas pelo chavismo para controlar os votos.
A Efe testemunhou a alegria de um homem que contava a outro ter recebido uma mensagem no celular informando sobre o recebimento de um bônus após ter confirmado o voto para Maduro no "ponto vermelho".
A maior parte das pessoas se negava a falar com jornalistas por temer os "coletivos chavistas" que defendem a revolução.
(com Efe, AFP e Reuters)
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