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EUA enviarão imigrantes de volta ao México para esperarem pedidos de asilo

20/12/2018 15h48

Por Yeganeh Torbati e Anthony Esposito

WASHINGTON/CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira uma grande mudança na política imigratória, dizendo que enviará imigrantes que não forem mexicanos de volta para o sul da fronteira enquanto seus pedidos de asilo são processados.

O governo do México disse que aceitaria alguns destes imigrantes por razões humanitárias, o que muitos verão como uma concessão ao governo do presidente dos EUA, Donald Trump.

    "Estrangeiros tentando burlar o sistema para entrar em nosso país ilegalmente não conseguirão mais desaparecer nos Estados Unidos, onde muitos faltam às suas sessões no tribunal", disse a secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, em um comunicado.

    "Ao invés disso, eles esperarão pela decisão de uma corte de imigração enquanto estão no México".

    Em resposta, o Ministério de Relações Exteriores mexicano ressaltou que ainda tem o direito de aceitar ou rejeitar a entrada de estrangeiros em seu território.

    "O governo do México decidiu adotar as seguintes ações para beneficiar os imigrantes, em particular menores desacompanhados e acompanhados, e proteger os direitos daqueles que querem iniciar um processo de asilo nos Estados Unidos".

    A chancelaria disse que as ações adotadas pelos governos mexicano e norte-americano não constituem um esquema de "terceiro país seguro" no qual imigrantes teriam que solicitar asilo nos EUA enquanto no México.

Defensores dos imigrantes e especialistas em direitos humanos rapidamente denunciaram a mudança política dos EUA como ilegal e que viola os direitos dos refugiados.

    Em 24 de novembro Trump tuitou que os imigrantes na fronteira EUA-México ficarão neste segundo país até seus pedidos de asilo serem aprovados individualmente nos tribunais dos EUA.

    O novo presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, tomou posse em 1o de dezembro.

    A chegada de vários milhares de centro-americanos à cidade fronteiriça mexicana de Tijuana cerca de um mês atrás levou Trump a mobilizar os militares para reforçarem a segurança na divisa e ao mesmo tempo a restringir os números de pedidos de asilo aceitos por dia.

As travessias ilegais na fronteira sul diminuíram dramaticamente desde o final dos anos 1970, mas nos últimos anos as solicitações de asilo dispararam e mais famílias centro-americanas e crianças desacompanhadas estão imigrando aos EUA.