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Guaidó diz que conversou com funcionários do governo para convencê-los sobre transição

27/01/2019 11h25

Por Mayela Armas

CARACAS (Reuters) - O líder da oposição venezuelana e autoproclamado presidente interino, Juan Guaidó, disse no sábado que conversou com funcionários do governo para convencê-los da necessidade de uma transição e eleições.

"Há funcionários públicos que vieram falar conosco", disse Guaidó em um ato no qual ele disse estar disposto a conversar com todos aqueles que "querem alcançar a cessação da usurpação e das eleições". Ele não detalhou com quem ele se encontrou para "protegê-los".

Em uma entrevista na TV no início desta semana, Guaidó pareceu se esquivar de uma pergunta sobre se ele havia se encontrado com Diosdado Cabello, primeiro vice-presidente do partido de Nicolás Maduro, e segundo homem forte do governo.

Guaidó, um engenheiro de 35 anos, se declarou presidente na quarta-feira e foi reconhecido pelos Estados Unidos, Canadá e vários países latino-americanos, entre eles o Brasil.

O governo venezuelano mostrou sexta-feira um vídeo para evidenciar uma reunião de Cabello e outro dos principais auxiliares de Maduro, Freddy Bernal, em um hotel em Caracas com vários parlamentares da oposição, junto com uma pessoa vestindo um boné de beisebol e um moletom cinza que o governo diz ser Guaidó.

Cabello disse no sábado que teve mais gravações da reunião e que Guaidó pediu a ele que apoiasse novas eleições. Ele acrescentou que a única eleição que ele apoiaria seria para a Assembléia Nacional, que hoje é chefiada por Guaidó.

Em Caracas, o líder da oposição disse a uma multidão de apoiadores que as autoridades realmente conversaram, embora ele não tenha especificado quem ou quais setores. Ele acrescentou que estava interessado em conversar com qualquer pessoa, civil ou militar, que apoie o fim do que ele chama de "usurpação" de Maduro e um governo de transição e eleições livres.

"Estou pronto, uma mensagem para Freddy e Diosdado, eu disse ontem e vou repeti-lo hoje, todos aqueles que querem acabar com a usurpação (e ir para) o governo de transição e as eleições livres, são bem-vindos para discutir isso", acrescentou.

Guaidó tem apoio internacional, mas não controla as instituições e procura conquistar membros do partido governista prometendo uma política de anistia e incentivos legais aos funcionários e desobediência militar a Maduro.

Foi bem-sucedido no sábado, quando um adido militar da embaixada venezuelana nos Estados Unidos reconheceu o jovem líder e rompeu com Maduro. Mas as Forças Armadas, através de sua conta no Twitter, o chamaram de "traidor" por se subordinar aos "interesses internacionais".