Parlamentares bolivianos buscam solução eleitoral em meio a protestos que já deixaram 30 mortos
LA PAZ (Reuters) - Parlamentares bolivianos se reunirão mais tarde nesta quarta-feira para tentar acertar um caminho para novas eleições e conter a violência nas ruas que já deixou 30 mortos desde as eleições de outubro.
As duas Casas do Congresso vão discutir a anulação do pleito de 20 de outubro e a nomeação de um novo comitê eleitoral, pavimentando o caminho para uma nova eleição depois que o presidente Evo Morales, de esquerda, renunciou sob pressão este mês.
Hoje sob o comando de um governo provisório, a Bolívia tenta conciliar divisões profundas entre os apoiadores de Morales e oponentes que buscam por fim de sua liderança de quase 14 anos.
Morales deixou o governo em 10 de novembro sob pressão de manifestantes, grupos civis, forças de segurança, assim como de uma auditoria internacional que encontrou sérias irregularidades na contagem eleitoral o que jogou dúvidas sobre sua vitória no último pleito.
Desde então, um governo interino liderado pela ex-senadora Jeanine Anez tem tentado conter a violência, ao mesmo tempo que aprofundou as divisões ao promover mudanças abruptas nas políticas adotadas por Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia.
Em um comunicado, Anez disse que apresentará um projeto de lei convocando novas eleições na quarta-feira "como todo o país está demandando" e que ela ocorreria por meio dos canais legais e constitucionais, a não ser que os parlamentares bloqueassem o processo.
"Preparamos um projeto básico. Provavelmente ele pode ser corrigido, acordado, enriquecido por todos os setores envolvidos com o objetivo de pacificar o país e escolher os governantes", afirmou. "Mas haverá eleições no país, nós garantimos isso."
Conflitos na região de Cochabamba e na cidade de El Alto chacoalharam a Bolívia ao longo da última semana, desde a saída de Morales, com embates em uma usina de gás na terça-feira deixando seis mortos.
Isso elevou a 30 o número total de mortes nos distúrbios pós eleições, de acordo com o ombudsman oficial para direitos humanos da Bolívia.
(Por Daniel Ramos e Monica Machicao)
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