Topo

Esse conteúdo é antigo

China nega acusação de trabalho forçado após suposta mensagem de prisioneiros em cartão de Natal

Pedido de socorro encontrado por menina de seis anos em um cartão de Natal, no Reino Unido - Reprodução/The Sunday Times
Pedido de socorro encontrado por menina de seis anos em um cartão de Natal, no Reino Unido Imagem: Reprodução/The Sunday Times

Paul Sandle, Yingzhi Yang e Yilei Sun*

Em Londres e Pequim

23/12/2019 12h57

A China negou hoje uma acusação de trabalho forçado em uma prisão de Xangai, um dia após uma reportagem alegar que uma mensagem havia sido encontrada em um cartão de Natal supostamente embalado por prisioneiros estrangeiros.

De acordo com o jornal The Sunday Times, a mensagem estava em um cartão vendido pela gigantesca rede britânica de supermercados Tesco.

O texto dizia: "Somos prisioneiros estrangeiros na prisão Qingpu de Xangai, na China. Forçados a trabalhar contra nossa vontade".

A reportagem também alegava que a mensagem pedia que, quem quer que recebesse o cartão, contatasse Peter Humphrey, ex-jornalista britânico e investigador de fraudes corporativas, preso na mesma instituição de 2014 a 2015.

A Tesco suspendeu o fornecedor chinês de cartões natalinos ontem e informou ter aberto uma investigação sobre o caso.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, afirmou em uma entrevista coletiva hoje que, "de acordo com órgãos relevantes, a prisão de Qingpu em Xangai não tem esse problema de prisioneiros estrangeiros sendo forçados a trabalhar".

Shuang negou a história, chamando-a de "uma farsa criada pelo Sr. Humphrey", acusação refutada pelo ex-jornalista.

"Eu nunca tive qualquer maneira possível de fabricar nada nesse incidente e nessa história", afirmou Humphrey à Reuters. "Essa mensagem de prisioneiros na China veio em um cartão de Natal comprado por uma família que nunca vi, nunca conheci até o dado momento", acrescentou.

Ele disse que a mensagem condizia com "tudo que sabe" e alegou ter "falado com ex-prisioneiros que foram libertados neste ano e confirmaram que a unidade prisional estava fazendo pacotes de cartões natalinos para a Tesco".

Humphrey passou 23 meses na prisão sob a acusação de obter ilegalmente registros particulares de cidadãos chineses e vender as informações a clientes, incluindo a farmacêutica GlaxoSmithKline.

Humphrey disse durante seu julgamento que não pensou que suas atividades na China fossem ilegais.

Segundo o Sunday Times, a mensagem no cartão foi encontrada por uma menina de 6 anos, Florence Widdicombe, em Londres. Seu pai contatou Humphrey pela rede social de contatos profissionais LinkedIn.

(*Reportagem adicional da redação de Shangai.)