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Programa global da OMS para divisão de vacinas contra covid será reformado

O programa Covax, da OMS, está muito aquém de sua meta de distribuir dois bilhões de doses até o final do ano - Denis Balibouse
O programa Covax, da OMS, está muito aquém de sua meta de distribuir dois bilhões de doses até o final do ano Imagem: Denis Balibouse

Francesco Guarascio

23/06/2021 14h16Atualizada em 23/06/2021 14h40

Evitado por países ricos e incapaz de atender as necessidades dos pobres, o programa coliderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a distribuição justa de vacinas contra Covid-19 está planejando uma reformulação, mostraram documentos internos vistos pela Reuters.

O programa Covax está muito aquém de sua meta de distribuir dois bilhões de doses até o final do ano, mas acredita em um grande aumento de suprimentos até o começo de 2022 e quer fazer com que ao menos estes cheguem aos países mais necessitados.

As grandes ambições iniciais do Covax de agir como um repositório de vacinas de todo o mundo, recebendo-as dos fabricantes dos países mais desenvolvidos e distribuindo-as rapidamente àqueles com necessidades mais urgentes, estão fracassando.

Até agora, o programa distribuiu meras 90 milhões de vacinas. Enquanto países densamente povoados de renda mais baixa agem como incubadores de linhagens novas e mais perigosas do coronavírus, alguns dos países mais pobres só vacinaram menos de 1% de suas populações, de acordo com estimativas da Gavi, uma aliança global de vacinas que administra o esquema com a OMS.

A reforma visa diminuir os riscos financeiros do Covax, reforçar seu foco nos países mais necessitados e reduzir a participação de países mais ricos tanto como doadores quanto como beneficiários, segundo um relatório preparado pela Gavi.

O documento deve ser chancelado em uma reunião do conselho da Gavi nesta quarta-feira e na quinta-feira.

"A sugestão, sujeita à aprovação do conselho, é concentrar os esforços de aquisição do Covax em todos os PAFs (participantes autofinanciadores) que continuarão a precisar do esquema, de tal maneira que permitam operações simplificadas e riscos financeiros reduzidos, com base nas lições aprendidas ao longo do último ano", disse uma porta-voz da Gavi.

A OMS não comentou de imediato, mas normalmente deixa a Gavi falar sobre o Covax em seu nome.

Países ricos têm preferido usar sua influência financeira para comprar suas próprias vacinas diretamente dos fabricantes.

E, apesar de promessas da OMS de dividir quaisquer vacinas excedentes por meio de seu programa, Estados Unidos, Japão e União Europeia delineiam planos para doar aos países diretamente, assim como ao Covax.

Ao priorizar seus próprios interesses diplomáticos e comerciais, as nações ricas acabam prejudicando a ambição do Covax de assumir o comando geral da luta global contra a pandemia.