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China rejeita preocupações com liberdade de Hong Kong após fechamento de jornal

24.jun.2021 - Um membro da equipe do jornal pró-democracia Apple Daily posa com a última edição do jornal na sede da empresa em Hong Kong, China - REUTERS / Tyrone Siu
24.jun.2021 - Um membro da equipe do jornal pró-democracia Apple Daily posa com a última edição do jornal na sede da empresa em Hong Kong, China Imagem: REUTERS / Tyrone Siu

Sharon Abratique e Pak Yiu

Da Reuters, em Hong Kong

25/06/2021 08h26Atualizada em 25/06/2021 08h52

O Ministério das Relações Exteriores da China rejeitou nesta sexta-feira os comentários do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que o fechamento do jornal Apple Daily, de Hong Kong, sinaliza a intensificação da repressão do governo chinês sobre a cidade semi-autônoma.

Também nesta sexta, a China aprovou as promoções de duas autoridades em uma ação que, segundo críticos, aumentará ainda mais o controle de Pequim sobre Hong Kong.

O secretário de segurança de Hong Kong, John Lee, foi nomeado secretário-chefe, a primeira vez que um especialista em segurança assume a posição de número dois no território desde sua transferência do domínio britânico para o chinês em 1997.

Biden disse na quinta-feira que o fim do Apple Daily era um "dia triste para a liberdade de imprensa". Outras autoridades estrangeiras também expressaram preocupação com o fato de que o fechamento representava mais uma restrição às liberdades em Hong Kong, um portal de comércio e centro financeiro internacional.

O Apple Daily era um espinho para a China, misturando discurso pró-democracia com fofocas de celebridades e investigações de quem estava no poder em Pequim. O jornal foi forçado a encerrar uma jornada de 26 anos depois que as autoridades congelaram os fundos da empresa.

O fechamento ocorre após a imposição de uma lei de segurança nacional no ano passado em resposta aos enormes protestos pró-democracia em 2019.

Centenas de leitores leais fizeram fila nas bancas de jornal por toda a cidade para comprar as últimas edições.

Antecipando uma grande demanda para sua tiragem final, o Apple Daily imprimiu 1 milhão de cópias, ou mais de 10 vezes o normal. Alguns funcionários expressaram raiva e frustração.

"Depois de hoje, não há liberdade de imprensa em Hong Kong", disse Dickson Ng, de 51, designer do jornal. "Estou muito desapontado e com raiva."

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, rejeitou as críticas em uma entrevista coletiva em Pequim na sexta-feira.

"A posição do líder dos EUA não tem base factual".

Autoridades de Hong Kong e da China têm dito repetidamente que a liberdade da imprensa é respeitada, mas não absoluta, e não pode colocar em risco a segurança nacional.

O fim do jornal representa o golpe mais sério até agora para a liberdade de imprensa em Hong Kong e pode potencialmente destruir a reputação da cidade como um centro de mídia, dizem grupos de defesa dos direitos humanos.

A chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, criticou na quinta-feira a detenção do proprietário do Apple Daily, Jimmy Lai.