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Imprensa não deve incitar 'subversão', diz governo de Hong Kong

22.jun.2021 - O logotipo da Next Media e do jornal pró-democracia Apple Daily é visto em sua sede em Hong Kong - PETER PARKS / AFP
22.jun.2021 - O logotipo da Next Media e do jornal pró-democracia Apple Daily é visto em sua sede em Hong Kong Imagem: PETER PARKS / AFP

Da AFP, em Hong Kong

22/06/2021 06h42Atualizada em 22/06/2021 07h52

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, defendeu nesta terça-feira (22) as medidas tomadas contra o jornal pró-democracia "Apple Daily", cujos ativos foram congelados, e rejeitou as críticas dos Estados Unidos sobre os ataques à liberdade de imprensa no território.

"Criticar o governo de Hong Kong não apresenta problemas, mas, se há intenção de organizar ações que incitem a subversão (...), isso é algo diferente", disse Lam em entrevista coletiva.

Na semana passada, as autoridades congelaram os ativos do "Apple Daily" no âmbito da polêmica lei de segurança nacional que está em vigor há quase um ano.

Cinco funcionários do jornal foram presos. Dois deles foram acusados de "conluio com um país estrangeiro" por artigos que, segundo a polícia, pediam sanções internacionais contra os líderes da China e de Hong Kong.

Ao contrário da China continental, onde a imprensa é majoritariamente estatal e fortemente censurada, no território semiautônomo de Hong Kong, a liberdade de expressão tem certas garantias.

Agora, no entanto, a campanha lançada pelo governo central para silenciar o movimento pró-democracia que impulsionou os protestos de 2019 gera preocupação sobre o futuro de Hong Kong. Durante muito tempo, o território foi a base de veículos da imprensa internacional.

Neste momento, o território semiautônomo passou da 18ª posição, em 2002, na classificação da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) sobre os países que mais respeitam a liberdade de imprensa, para a 80ª este ano.

Lam disse que o ocorrido com o "Apple Daily" não foi um ataque ao "trabalho jornalístico normal" e acusou o jornal de minar a segurança nacional da China.

Ao ser questionada por um repórter sobre uma definição de "trabalho jornalístico normal", Lam respondeu: "Acho que você está em uma posição melhor do que eu para responder a essa pergunta".

Os Estados Unidos e outros países ocidentais criticaram a operação policial contra o "Apple Daily", considerando-a um ataque à liberdade de imprensa.

"As acusações do governo dos Estados Unidos são falsas", respondeu Lam.

"Não tentem acusar as autoridades de Hong Kong de usar a lei de segurança nacional como uma ferramenta para eliminar a imprensa, ou para sufocar a liberdade de expressão", insistiu.

O proprietário do "Apple Daily" é o empresário Jimmy Lai, atualmente detido e condenado a várias penas de prisão por seu envolvimento nas manifestações pró-democracia de 2019.

O conselho diretor do grupo matriz do jornal, Next Digital, pediu ao Escritório de Segurança de Hong Kong que descongele parte de seus ativos para poder pagar os salários, caso contrário, o jornal deixará de ser publicado.