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Senadores querem afastar secretário que defendeu cloroquina em nota técnica do Ministério da Saúde

Nota assinada por Hélio Angotti Netto diz que remédio comprovadamente ineficaz contra covid-19 é mais efetivo que vacinação - April Thornberg/Getty Images
Nota assinada por Hélio Angotti Netto diz que remédio comprovadamente ineficaz contra covid-19 é mais efetivo que vacinação Imagem: April Thornberg/Getty Images

Ricardo Brito

Brasília

24/01/2022 12h31

Senadores que integraram a CPI da Covid do Senado lançaram uma ofensiva e querem, entre outras medidas, o afastamento do secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Netto, após uma nota técnica assinada por ele ter dito que as vacinas contra a Covid-19 não possuem efetividade e segurança e que a hidroxicloroquina tem.

A posição de Angotti foi externada em um documento no qual ele apresenta justificativas para rejeitar protocolo aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) que contraindica o uso do chamado tratamento precoce em pacientes que não estão internados.

Tanto o uso da hidroxicloroquina como a adoção do tratamento precoce são amplamente rechaçados e contraindicados por especialistas e tampouco têm aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ex-vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (PT-AP) disse no Twitter que vai acionar o Supremo Tribunal Federal para retirar o secretário do cargo e suspender a nota técnica do ministério que "propaga fake news, atacando a vacina e, em desacordo com a ciência, promove remédios ineficazes contra a Covid-19!"

"Não podemos deixar que eles tratem a vida como brincadeira!", criticou.

"Além disso, vamos pedir o afastamento do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da pasta, Hélio Angotti. Não há espaço para esses negacionistas insanos, especialmente quando se trata da vida do povo brasileiro!", reforçou.

Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou de imediato a pedido de comentário.

O ex-relator da comissão de inquérito da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou na mesma rede social que o secretário é um "delinquente conhecido da CPI". "Foi indiciado e o país aguarda as providências das instituições. Assinada por Angotti, a nota não tem outra qualificação possível: é homicídio doloso", afirmou.

Em outubro, o relatório final da CPI sugeriu ao Ministério Pública o indiciamento de Angotti por epidemia com resultado morte e incitação ao crime, mas até o momento não se há notícia de qualquer desdobramento efetivo dos trabalhos do colegiado.

Ex-ministro da Saúde e também ex-titular da CPI, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse no Twitter que apresentará nesta segunda-feira à Comissão de Direitos Humanos do Senado um pedido de convocação do secretário para se pronunciar. Segundo o petista, a posição dele não tem nenhuma base científica.

O Senado está em recesso parlamentar e volta a funcionar no início de fevereiro, na próxima semana.