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Trump "mentiu e destruiu minha reputação", diz escritora que acusa ex-presidente de estupro

A escritora E. Jean Carroll, que acusa Trump de estupro - Kena Betancur/AFP
A escritora E. Jean Carroll, que acusa Trump de estupro Imagem: Kena Betancur/AFP

Jonathan Stempel e Jack Queen

Em Nova York (EUA)

26/04/2023 15h59Atualizada em 26/04/2023 16h45

A escritora que entrou com um processo contra Donald Trump por supostamente estuprá-la há quase 30 anos disse aos jurados em um julgamento civil nesta quarta-feira que o ex-presidente dos Estados Unidos a agrediu sexualmente e a difamou ao mentir sobre o episódio.

"Estou aqui porque Donald Trump me estuprou e, quando escrevi sobre isso, ele mentiu e disse que não aconteceu", disse E. Jean Carroll no tribunal federal de Manhattan. "Ele mentiu e destruiu minha reputação, e estou aqui para tentar recuperar minha vida."

Carroll, de 79 anos, ex-colunista da revista Elle, pede uma indenização não especificada de Trump, de 76, que lidera o campo republicano na campanha presidencial norte-americana de 2024.

Ela está processando Trump como consequência de suposto encontro no camarim de uma loja de departamentos Bergdorf Goodman no final de 1995 ou início de 1996, onde ela diz que Trump a estuprou antes que ela pudesse fugir.

Carroll processa Trump por difamação depois que ele negou sua alegação de estupro em uma publicação de outubro em sua plataforma de mídia Truth Social, em que ele disse que não a conhecia, que ela não era seu "tipo" e que ela inventou a acusação para vender seu livro de memórias.

Ela também o processa sob a Lei de Sobreviventes Adultos de Nova York, que permite que adultos processem seus supostos agressores muito depois que os crimes prescrevam.

"Ainda posso sentir", diz acusadora de Trump

Carroll testemunhou que conheceu Trump anos antes do suposto estupro, e que o achou "muito gentil" e um "homem da cidade".

Na Bergdorf, Carroll disse que ela e Trump conversaram em um tom de brincadeiras. Ela disse que Trump a pediu que ela experimentasse uma peça de lingerie e ela, por sua vez, brincou que ele deveria experimentá-la.

Carroll disse que Trump a conduziu a um provador aberto, fechou a porta, empurrou-a contra a parede e puxou sua meia-calça.

Os dedos de Trump "entraram na minha vagina, o que foi extremamente doloroso, extremamente doloroso", e ele também "inseriu seu pênis", disse ela. "Enquanto estou sentada aqui hoje, ainda posso sentir."

Carroll se emocionou e tentou segurar as lágrimas enquanto descrevia que tentou empurrá-lo.

Questionada por seu advogado se ela disse "não" a Trump, Carroll afirmou que "não me lembro de ter dito isso. Posso ter dito isso".

Carroll disse que se culpou na época e temeu perder o emprego e que Trump retaliaria se ela o denunciasse.

Ela lembrou que o suposto abuso ocorreu em uma noite de quinta-feira, mas ela afirmou que não pode "dizer que tenho 100% de certeza".

A expectativa é de que um júri de seis homens e três mulheres decida se responsabiliza Trump por danos e, em caso afirmativo, quanto ele deve a Caroll.

O julgamento começou na terça-feira e deve durar de uma a duas semanas.

"Alguém acredita que eu levaria uma mulher de quase 60 anos que eu não conhecia, da porta da frente de uma loja de departamentos lotada, (sendo eu muito conhecido, para dizer o mínimo!), a um provador minúsculo", escreveu Trump em duas postagens nesta quarta-feira no Truth Social. "Ela não gritou? Não há testemunhas? Ninguém viu isso?"

Trump também chamou as acusações de Carroll de "um GOLPE inventado" e disse: "Esta é uma história falsa e fraudulenta —Caça às Bruxas!". O juiz distrital dos EUA Lewis Kaplan alertou que Trump poderia enfrentar mais problemas legais se continuasse a discutir o caso.