Parlamentar dos EUA George Santos não buscará reeleição após contundente relatório de comitê de ética

Por Moira Warburton

WASHINGTON (Reuters) - O parlamentar republicano dos Estados Unidos George Santos disse nesta quinta-feira que não irá concorrer à reeleição, em um anúncio feito pouco depois de um relatório contundente produzido por outros parlamentares recomendar ao Departamento de Justiça um possível processo criminal contra ele por "condutas ilegais".

Santos, de 35 anos, republicano de Nova York em primeiro mandato e filho de brasileiros, já se declarou inocente em um caso criminal federal no qual foi acusado de usar fundos de campanha para pagar despesas pessoais e usar cartões de crédito de doadores sem permissão, entre outras violações financeiras de campanha.

O relatório do Comitê de Ética da Câmara divulgado nesta quinta apontou mais atividades financeiras questionáveis por Santos, levando alguns republicanos a pedir sua expulsão.

Santos disse que não renunciará. “Continuarei com minha missão de servir meus constituintes enquanto eu puder. Eu, no entanto, não concorrerei à reeleição para um segundo mandato em 2024”, disse Santos, em uma publicação nas redes sociais. “Minha família merece mais do que ficar na mira da arma da imprensa o tempo todo”.

O presidente republicano do comitê de ética, Michael Guest, pretende apresentar uma moção na sexta-feira para expulsá-lo da legenda, segundo a imprensa local. Parlamentares podem considerar a moção após o feriado do Dia de Ação de Graças na próxima semana, de acordo com o Washington Post, citando uma pessoa com conhecimento do assunto.

Santos sobreviveu a uma votação de expulsão neste mês, mas o relatório do comitê motivou vários parlamentares a dizerem que agora votariam para retirá-lo, se tivessem outra chance.

Santos passou a ser observado de perto antes mesmo de assumir o cargo em janeiro, após o New York Times e outros veículos publicarem que ele inventou grande parte da sua história de vida.

Dois ex-auxiliares de Santos já se declararam culpados de violações financeiras de campanha.

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O comitê disse que entrou em contato com cerca de 40 testemunhas, analisou mais de 170.000 páginas de documentos e emitiu 37 intimações em uma investigação que durou vários meses. Afirmou que Santos se recusou a cooperar com a investigação.

Um porta-voz do Departamento de Justiça se recusou a comentar.

Santos foi marginalizado no Congresso, onde não tem tarefas em qualquer comissão e possui pouca influência. Recebeu críticas especialmente duras de outros republicanos de Nova York no Congresso. Um deles, o parlamentar Mike Lawler, disse nesta quinta-feira que Santos deveria renunciar imediatamente ou ser expulso.

Em 1º de novembro, 182 dos seus colegas republicanos votaram contra sua expulsão porque precisam do assento para proteger a pequena maioria de 221 x 213. Essa maioria lhes dá o poder de bloquear grande parte da agenda legislativa do presidente Joe Biden, um democrata.

(Reportagem de Moira Warburton; reportagem adicional de Andrew Goudsward, Gram Slattery e Sarah N. Lynch)

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