Mais duas autoridades russas são presas em investigação de corrupção militar

Por Andrew Osborn e Mark Trevelyan

(Reuters) - A Rússia prendeu mais duas figuras importantes – o vice-chefe do Estado-Maior do Exército e uma autoridade graduada de compras do Ministério da Defesa – em um crescente escândalo de corrupção, disseram investigadores nesta quinta-feira.

As detenções do tenente-general Vadim Shamarin e do funcionário do ministério Vladimir Verteletsky aumentaram o número de militares e funcionários da defesa detidos para cinco no espaço de um mês, começando em 23 de abril, quando o vice-ministro da Defesa, Timur Ivanov, foi colocado em prisão preventiva por suspeita de suborno.

Desde então, o tenente-general Yuri Kuznetsov, chefe de pessoal do Ministério da Defesa, e o major-general Ivan Popov, ex-comandante do 58º Exército da Rússia, também foram presos.

De acordo com a agência de notícias estatal Tass, Shamarin se declarou inocente. Sua casa teria sido revistada em conexão com a investigação e ele foi colocado em prisão preventiva por dois meses.

Shamarin é acusado de aceitar subornos entre 2016 e 2023 de uma fábrica nos Montes Urais que produz equipamentos de comunicação, como recompensa por fechar contratos estatais maiores com ela, disse o Comitê de Investigação da Rússia, acrescentando que ele havia se beneficiado no valor de pelo menos 36 milhões de rublos (400 mil dólares).

Shamarin está encarregado desde 2020 de supervisionar o Corpo de Sinais do Exército, que é responsável pelas comunicações militares, incluindo a garantia de sinais confidenciais de comando no campo de batalha.

Os investigadores afirmaram em comunicado que Verteletsky, principal responsável pelas compras, foi acusado de abuso de autoridade na execução de uma ordem de defesa do Estado. Disseram que em 2022 ele assinou um trabalho incompleto que resultou em uma perda para o Estado de mais de 70 milhões de rublos (764.000 de dólares).

As prisões são o maior escândalo a atingir o Exército russo nos últimos anos e ocorrem em um momento em que ele recuperou a iniciativa no campo de batalha na Ucrânia e tem um novo ministro da Defesa, o economista Andrei Belousov.

Continua após a publicidade

A nomeação de Belousov, que não tem experiência no Exército, foi amplamente vista, entre outras coisas, como uma medida para eliminar o desperdício e a corrupção nos gastos com a defesa. Sergei Shoigu, o ministro anterior, foi transferido para se tornar secretário do Conselho de Segurança da Rússia.

O Kremlin, que afirmou não estar autorizado a divulgar detalhes do caso, minimizou a prisão de Shamarin e disse que um trabalho anticorrupção semelhante estava sendo realizado em várias agências estatais russas.

“A luta contra a corrupção é um trabalho consistente”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas. “Não é uma campanha, é um trabalho contínuo”.

Deixe seu comentário

Só para assinantes