Nove membros da equipe da UNRWA possivelmente estiveram envolvidos em ataque a Israel, diz ONU

Por David Brunnstrom

(Reuters) - Nove membros da equipe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos podem ter se envolvido no ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e foram demitidos, disse a Organização das Nações Unidas nesta segunda-feira.

"Para nove pessoas, as evidências foram suficientes para concluir que elas podem ter se envolvido nos ataques de 7 de outubro", disse o porta-voz adjunto Farhan Haq, em um briefing da ONU.

Ele estava se referindo às conclusões do Escritório de Serviços de Supervisão Interna (Oios, na sigla em inglês) da ONU, que, segundo ele, havia concluído sua investigação sobre o suposto envolvimento de 19 funcionários da UNRWA nos ataques, dois dos quais já morreram desde então.

O anúncio desta segunda-feira confirma a demissão de nove deles, disse Haq. Ele disse que os registros dos restantes seriam revisados.

Haq disse que todos os nove indivíduos que a investigação concluiu que poderiam estar envolvidos eram homens. Ele não deu detalhes sobre o que eles podem ter feito, mas disse:

"Para nós, qualquer participação nos ataques é uma tremenda traição ao tipo de trabalho que deveríamos estar fazendo em nome do povo palestino."

A ONU iniciou a investigação depois que Israel acusou 12 funcionários da UNRWA de participarem dos ataques de 7 de outubro liderados pelo Hamas, que desencadearam a guerra de Gaza.

Israel intensificou suas acusações em março, dizendo que mais de 450 funcionários da UNRWA eram agentes militares de grupos terroristas de Gaza. A UNRWA emprega 32.000 pessoas em sua área de operações, 13.000 delas em Gaza.

Continua após a publicidade

Pouco depois do anúncio da ONU, o porta-voz militar israelense Nadav Shoshani postou na plataforma de rede social X, afirmando: "Sua agência de 'ajuda' oficialmente se rebaixou a um novo nível e é hora de o mundo ver sua verdadeira face".

Haq disse que a investigação da ONU havia feito averiguações em relação a 19 membros da equipe da UNRWA. Além daqueles que podem ter se envolvido no ataque, não foram obtidas evidências que sustentassem as alegações de envolvimento de um membro da equipe, enquanto nos outros casos as evidências eram insuficientes para sustentar o envolvimento.

Em março, a UNRWA disse que alguns funcionários libertados em Gaza da detenção israelense relataram ter sido pressionados por autoridades de Israel a declarar falsamente que a agência tem ligações com o Hamas e que os funcionários participaram dos ataques de 7 de outubro.

Haq disse que os detalhes da investigação do Escritório de Serviços de Supervisão Interna são confidenciais e que, como as informações usadas pelas autoridades israelenses para apoiar suas alegações permaneceram nas mãos delas, "o Oios não foi capaz de autenticar de forma independente a maioria das informações fornecidas a ele".

No entanto, quando pressionado sobre o motivo pelo qual a ONU estava agindo contra nove, ele disse: "Temos informações suficientes para tomar as medidas que estamos tomando, ou seja, a demissão desses nove indivíduos".

Perguntado se isso significava que a ONU considerava que os nove tinham "probabilidade ou alta probabilidade" de ter participado dos ataques, ele respondeu: "Essa é uma boa maneira de descrever isso".

Continua após a publicidade

(Reportagem de David Brunnstrom e Costas Pitas)

Deixe seu comentário

Só para assinantes