Paraguai está aberto a acordos comerciais com China apesar de laços com Taiwan, diz presidente

Por Daniela Desantis e Lucinda Elliott

ASSUNÇÃO (Reuters) - O presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse na quarta-feira que está "totalmente aberto" a acordos comerciais com a China por meio do bloco comercial Mercosul, apesar dos laços diplomáticos de seu país com Taiwan.

O apoio diplomático de longa data do Paraguai a Taiwan tem prejudicado as exportações de grãos dos agricultores locais para a China, que reivindica a soberania sobre a ilha governada democraticamente. O Paraguai é o único país sul-americano com relações formais com Taiwan, que se opõe às reivindicações de soberania da China.

O Mercosul, que inclui Brasil, Argentina e Uruguai, está em negociações para finalizar um acordo comercial com a União Europeia, mas também discute um possível acordo comercial com a China.

"Nossa posição com a China é de total abertura", disse Peña sobre a posição do Paraguai no Mercosul, acrescentando que o obstáculo era o fato de a China não aceitar o reconhecimento de Taiwan.

"Somos a favor do avanço dos acordos comerciais", acrescentou em uma entrevista à Reuters.

A China espera que o governo paraguaio "fique do lado certo da história", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira.

Mao afirmou que a China considera importante a cooperação comercial e econômica com as nações do Mercosul e outros países da América Latina.

O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan disse à Reuters que Peña expressou repetidamente e publicamente seu apoio aos laços entre os dois países, e seu apoio consistente a Taiwan não pode ser questionado.

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"Diante do hábito da China de praticar dumping injusto de produtos em outros países, acreditamos que os países membros do Mercosul avaliarão cuidadosamente suas relações econômicas e comerciais com a China", afirmou em comunicado.

As autoridades do Mercosul mantiveram um diálogo com seus homólogos chineses em 12 de agosto na capital do Uruguai.

"Vejo prudência por parte do Brasil", declarou Peña sobre um possível acordo com a China, que ele disse apoiar. "Acho que o maior interessado é o Uruguai e acompanhamos esse esforço para conversar como um bloco."

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