Norte teve demanda recorde em dia de apagão no Acre e Rondônia, aponta ONS

SÃO PAULO (Reuters) - O subsistema Norte bateu recorde de demanda na quinta-feira, no mesmo dia em que um apagão de causa ainda inexplicada afetou o fornecimento de energia nos Estados do Acre e Rondônia, apontou boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgado ensta sexta-feira.

Segundo dados do ONS, às 14h17 a região Norte atingiu um recorde de demanda máxima de 9.158 megawatts (MW), superando o valor histórico anterior de 9.090 MW alcançado em 26 de setembro do ano passado.

O pico de demanda ocorreu horas antes de um desligamento automático do complexo de geração e transmissão do Madeira, rio onde estão instaladas duas grandes hidrelétricas do país, Santo Antônio e Jirau.

De acordo com o ONS, às 16h47 houve um bloqueio automático do polo 3 do Bipolo 2 e de conversoras back-to-back 1 e 2, com desligamento das duas hidrelétricas do Madeira. Também houve desligamento do sistema Acre/Rondônia, levando a uma perda de carga total de 984 MW.

O fornecimento de energia nos Estados foi totalmente normalizado na noite da véspera.

As causas dessa ocorrência ainda estão sendo investigadas. Na véspera, a IE Madeira, empresa responsável pelo sistema de transmissão, disse que "não houve a indicação de defeito" em suas conversoras.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou na noite de quinta-feira que a equipe do ONS estava trabalhando na apuração do caso para apontar exatamente o problema ocorrido.

"Há a princípio uma informação, ainda não oficial, mas uma informação da própria ONS, que um dos operadores da transmissão disse que tinha uma queimada muito forte na região. Os eventos climáticos são cada vez mais claros", afirmou Silveira a jornalistas na véspera.

O período seco deste ano no Brasil tem se mostrado adverso, com chuvas abaixo da média histórica. A situação é preocupante principalmente no Norte, onde a seca tem reduzido ainda mais a capacidade das hidrelétricas em um período em que as usinas a fio d'água (sem reservatório de acumulação) da região já geram pouco.

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Diante desse cenário, o governo decidiu no início do mês adotar medidas preventivas para garantir o suprimento de energia especialmente nos horários "de ponta" (maior demanda). Entre essas ações, estão a redução do despacho das hidrelétricas do Norte e maior acionamento de termelétricas, incluindo a antecipação para outubro deste ano da operação da usina Termopernambuco, que só entraria em atividade em 2026.

(Por Letícia Fucuchima; edição de Roberto Samora)

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