Disparo da Polícia Federal contra Janones ricocheteia em Boulos
O indiciamento do deputado André Janones pela Polícia Federal atingirá, por ricochete, a candidatura de Guilherme Boulos à Prefeitura de São Paulo. Janones foi enquadrado por corrupção passiva, peculato e associação criminosa num caso de rachadinha. Mordia salários de assessores à moda da dinastia Bolsonaro.
Trata-se do mesmo caso que o Conselho de Ética da Câmara arquivou. Boulos redigiu o parecer que livrou Janones de um pedido de cassação. Não tratou do mérito do desvio. Alegou que as mordidas de Janones no contracheque da equipe do seu gabinete ocorreram antes do início da atual legislatura. Uma conversa mole que o PSOL, partido de Boulos, não costumava digerir.
A sessão em que Boulos leu o seu parecer foi marcada pelo tumulto. Sem mandato, Pablo Marçal infiltrou-se no ambiente. Filmou a cena com o celular. Chamado por Boulos de "coach picareta", Marçal já usou Janones como munição para atingir o rival nos debates eleitorais em São Paulo. Agora, dispõe de argumentos com o calibre dos que foram fornecidos pela PF.
Segundo Janones, tudo não passa de "denúncia vazia". Nas palavras da PF, o deputado "é o eixo central em torno do qual toda a engrenagem criminosa gira." O relatório de indiciamento anota que "a investigação expôs a ilicitude de seus atos em todas as etapas, desde o início até o desfecho". Coisa documentada em áudio que teve a "veracidade corroborada tanto pelos participantes da reunião, quanto por laudos periciais".
O ricochete da rachadinha de Janones não se confunde com uma bala de prata. Entretanto, numa campanha encrespada como a de São Paulo, o parecer que levou ao arquivamento na Câmara daquilo que a PF agora chama de crime é um gol contra que Boulos poderia ter evitado.
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