Reino Unido diz que reparação por escravidão não está na agenda de cúpula da Commonwealth

Por Alistair Smout e Catarina Demony

LONDRES (Reuters) - O Reino Unido não levará a questão das reparações pela histórica escravidão transatlântica para a mesa em uma reunião das nações da Commonwealth que começou em Samoa nesta segunda-feira, mas está aberto a conversar com líderes que queiram discutir o assunto.

Líderes e autoridades de 56 países com raízes no antigo império britânico participarão nesta semana da Reunião de Chefes de Governo da Commonwealth (CHOGM) na nação insular do Pacífico.

Governos britânicos consecutivos rejeitaram pedidos por reparações, mas a presidente da comissão de reparações da Comunidade do Caribe (Caricom), Hilary Beckles, disse à Reuters que há esperanças de que essa postura possa mudar sob a nova administração trabalhista, após 14 anos de governo conservador.

Tanto o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, quanto o rei Charles participarão da reunião em Samoa.

Mas um porta-voz de Starmer reiterou nesta segunda-feira que reparações não estão em sua agenda.

"Não pagamos reparações", disse o porta-voz. "A posição sobre um pedido de desculpas continua a mesma. Não ofereceremos um pedido de desculpas na CHOGM".

Embora as reparações não estejam na agenda "formal" de Starmer para a Commonwealth, seu porta-voz disse que eles "continuarão a discutir essas questões com os parceiros".

Uma fonte com conhecimento do assunto na Caricom, que agrupa 15 Estados-membros, como Jamaica e Barbados, disse à Reuters que a CHOGM representa uma oportunidade importante para o diálogo sobre reparações e afirmou que a região levantará a questão lá.

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O primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Keith Rowley, disse em julho que a Caricom havia tomado a decisão de falar "com muita força" sobre reparações em Samoa.

Todos os três candidatos que concorrem para ser o próximo secretário-geral da Commonwealth apoiam reparações.

A Caricom tem um plano para reparações que não se concentra apenas em robustos pagamentos financeiros. Entre outras medidas, pede que os países europeus se desculpem formalmente e exige apoio para programas educacionais.

A ideia de reparações pela escravidão é antiga, mas vem ganhando força em todo o mundo. Opositores afirmam que os países não devem ser responsabilizados por erros históricos, enquanto defensores dizem que o legado da escravidão resultou em desigualdades raciais persistentes e vastas nos dias de hoje.

(Reportagem de Catarina Demony e Alistair Smout)

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