Sob protestos da esquerda, Áustria elege primeiro presidente do Parlamento de extrema-direita
Por Francois Murphy
VIENA (Reuters) - A câmara baixa do Parlamento da Áustria elegeu nesta quinta-feira o primeiro presidente de extrema-direita na história da Casa, depois de o Partido da Liberdade (FPO) ter vencido a eleição parlamentar do mês passado, com muitos conservadores dando seu apoio, a despeito das objeções da esquerda e da comunidade judaica.
Walter Rosenkranz, um advogado de 62 anos e veterano parlamentar do FPO, que é pró-Rússia, foi recentemente ouvidor-geral do Parlamento. Seus apoiadores afirmam que suas décadas de serviço público o qualificam para o segundo maior cargo do país.
Já seus críticos apontam que ele faz parte de uma fraternidade de extrema-direita e lembram seus elogios para um conhecido nazista, dizendo que uma posição tão importante pede alguém com aura de estadista.
“Ainda é difícil para mim cair na real de que vocês me adicionaram a uma farta galeria de figuras históricas deste país”, disse Rosenkranz em discurso após 100 dos 183 parlamentares terem votado nele em eleição secreta.
O presidente da Casa tem grande influência no trabalho legislativo, desde a agenda das sessões até dar a permissão ou a negação para que parlamentares usem a palavra. Rosenkranz prometeu não abusar de seu poder.
O conservador Partido do Povo (OVP) afirmou que apoia Rosenkranz, mas na sexta-feira a legenda iniciará negociações de coalizão com os social-democratas.
“Walter Rosenkranz não é preparado para o cargo. Tal pessoa não tem lugar como chefe da câmara baixa”, disse Sigrid Maurer, dos Verdes, legenda de esquerda mais vocal contra o presidente-eleito da Casa.
Rosenkranz escreveu para um livro sobre membros de fraternidades de direita, como a sua, que teriam feito contribuições significativas para a Áustria. Ele mencionou Johann Stich, que foi responsável pela execução de dezenas de membros da resistência quando era procurador-geral em Viena na época nazista.
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