Medicamentos para perda de peso podem ajudar a acabar com obesidade, mas ainda há riscos, diz OMS
Por Jennifer Rigby
LONDRES (Reuters) - Uma nova classe de medicamentos para perda de peso desenvolvida por Novo Nordisk e Eli Lilly "abre a possibilidade de acabar com a pandemia de obesidade" juntamente com outras intervenções, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta semana.
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Mas a agência global de saúde afirmou que teme que, a menos que os sistemas de saúde se preparem adequadamente, os medicamentos possam distorcer a resposta à crise global da obesidade, correndo o risco de deixar as pessoas para trás e ofuscar outras medidas para melhorar a saúde.
Os novos medicamentos "têm o potencial de serem transformadores", de acordo com o cientista-chefe da OMS, Jeremy Farrar, a diretora de nutrição, Francesco Branca, e a assessora sênior de Farrar, Francesca Celleti, em um artigo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA). O artigo é o comentário mais claro que a agência já fez sobre o potencial dos novos medicamentos, conhecidos como agonistas do receptor GLP-1.
Mas "a medicação isolada não será suficiente para lidar com a crise da obesidade", acrescentaram, pedindo que a inovação leve médicos, governos, a indústria farmacêutica e o público a considerar a condição como uma doença crônica que precisa de mais estudos sobre a melhor forma de prevení-la e tratá-la.
Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo são obesas, e houve 5 milhões de mortes relacionadas à obesidade em 2019, segundo a OMS. A condição está se tornando mais comum em quase todo o mundo.
O artigo aceita que, embora haja boas evidências da eficácia das políticas voltadas para dietas saudáveis e atividade física regular, "é hora de reconhecer que...(elas) até agora não conseguiram tratar a obesidade".
Combiná-los com os novos medicamentos poderia mudar isso, diz o artigo, mas os autores também levantaram preocupações sobre como os tratamentos - conhecidos pelos nomes comerciais Wegovy e Mounjaro ou Zepbound - estão sendo implementados.
Por exemplo, eles disseram que os modelos que intervêm somente quando as pessoas têm obesidade grave ou outras condições relacionadas devem ser substituídos por modelos que vejam a obesidade como uma doença crônica que exige uma resposta social, de saúde pública e clínica.
Eles também disseram que os medicamentos precisam estar disponíveis de forma mais equitativa, barata e em maior escala para responder à crise da obesidade nos países de baixa renda, bem como entre os mais ricos do mundo.
A agência está elaborando diretrizes sobre como usar os medicamentos em adultos, inclusive em países de baixa e média renda, que devem ser publicadas em julho de 2025.