Terremoto no Tibete deixa mais de 120 mortos perto de cidade sagrada budista

Por Joe Cash e Gopal Sharma

(Reuters) - Um forte terremoto atingiu o sopé do Himalaia, perto de uma das cidades sagradas mais importantes do Tibete, nesta terça-feira, deixando ao menos 126 mortos e destruindo centenas de casas, informaram as autoridades chinesas.

O epicentro do terremoto de magnitude 6,8 foi a cerca de 80 quilômetros ao norte do Monte Evereste, a montanha mais alta do mundo. Os tremores também sacudiram edifícios nos vizinhos Nepal, Butão e Índia.

O impacto foi sentido em toda a região tibetana de Shigatse, onde vivem 800.000 pessoas. A região é administrada pela cidade de Shigatse, a sede tradicional do Panchen Lama, uma das figuras mais importantes do budismo tibetano.

Muitas casas na cidade de Shigatse foram reduzidas a escombros, segundo vídeo divulgado pelos bombeiros do Tibete. As equipes de resgate vasculharam os escombros de uma casa em ruínas e retiraram uma pessoa ferida, segundo o vídeo.

Para piorar a situação dos desabrigados, as temperaturas na região caíram para -6 graus Celsius na noite desta terça-feira (horário local), e a previsão era de que caísse para -16 graus Celsius durante a madrugada.

O Centro de Terremotos da China localizou o epicentro do tremor no condado de Tingri, conhecido como a porta de entrada norte para a região do Evereste. O Serviço Geológico dos Estados Unidos estimou a magnitude do terremoto em 7,1. Ele ocorreu às 9h05 da manhã (horário local), a uma profundidade de 10 quilômetros.

Ao menos 126 pessoas morreram e 188 ficaram feridas no Tibete, informou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua. Não houve relatos de mortes em outros lugares.

Imagens transmitidas pela emissora estatal de televisão chinesa CCTV mostraram socorristas fazendo reanimação cardiopulmonar em uma pessoa ferida e soldados erguendo abrigos temporários.

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O Dalai Lama, líder espiritual do Tibete que fugiu para a Índia junto com milhares de tibetanos no início de 1959 após uma revolta fracassada contra o domínio chinês, disse que estava profundamente triste.

"Ofereço minhas orações por aqueles que perderam suas vidas e estendo meus desejos de uma rápida recuperação a todos os que ficaram feridos", disse o ganhador do Prêmio Nobel da Paz em uma mensagem.

O presidente chinês, Xi Jinping, disse que todos os esforços de busca e resgate serão realizados para minimizar as vítimas e reassentar as pessoas afetadas.

Pequim, que administra o Tibete como uma região autônoma dentro da China, rejeita as críticas de grupos de direitos e exilados que a acusam de atropelar os direitos religiosos e culturais do povo tibetano.

A China fechou a região do Evereste para turistas após o terremoto, informou a Xinhua.

O Monte Evereste é um destino popular para alpinistas e caminhantes, mas o inverno não é a estação principal. Um alpinista alemão era o único com permissão para escalar o Evereste agora, mas ele já havia deixado o acampamento base depois de não conseguir chegar ao cume, disse Lilathar Awasthi, funcionário do Departamento de Turismo local.

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Mais de 1.500 bombeiros e equipes de resgate foram enviados para as áreas afetadas, informou a Xinhua. Cerca de 22.000 itens, incluindo barracas, casacos, edredons e camas dobráveis, também foram enviados, informou.

TREMORES SECUNDÁRIOS

As aldeias de Tingri, onde a altitude média é de cerca de 4.000 a 5.000 metros, relataram fortes tremores durante o terremoto, que foi seguido por mais de 150 tremores secundários com magnitudes de até 4,4.

Fachadas de lojas danificadas podem ser vistas em um vídeo nas redes sociais que mostra as consequências na cidade de Lhatse, com detritos espalhados pela rua.

Três municípios e 27 vilarejos estão a menos de 20 quilômetros do epicentro, com uma população total de cerca de 6.900 pessoas, e mais de 1.000 casas foram danificadas, informou a Xinhua.

Partes do sudoeste da China, o Nepal e o norte da Índia são frequentemente atingidos por terremotos causados pela colisão das placas tectônicas indiana e eurasiana.

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Desde 1950, houve 21 terremotos de magnitude 6 ou superior no que é conhecido como bloco de Lhasa, o maior dos quais foi o terremoto de magnitude 6,9 em Mainling em 2017, de acordo com a CCTV.

Um tremor de magnitude 7,8 atingiu a capital do Nepal, Katmandu, em 2015, matando cerca de 9.000 pessoas e ferindo milhares, no pior terremoto da história do país. Entre os mortos, havia pelo menos 18 pessoas que estavam no acampamento base do Monte Evereste quando este foi atingido por uma avalanche.

(Reportagem de Joe Cash e Ryan Woo, em Pequim; Gopal Sharma, em Katmandu; Sudipto Ganguly, em Mumbai; Tora Agarwala, em Guwahati, Índia; e Jatindra Dash, em Bhubaneswar, Índia)

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